Vaticano, Apr 7, 2011 / 15:33 pm
Paul Bhatti, irmão do ministro católico das minorias religiosas assassinado no Paquistão no último 2 de março, Shabhaz Bhatti, assinalou logo depois de seu encontro com o Papa Bento XVI esta quarta-feira, que não duvidou ao perdoar os homicidas.
No encontro com o Papa Paul Bhatti pediu "seguir apoiando o esforço dos cristãos paquistaneses pelo respeito de seus direitos" e recordaram juntos o assassinato de Shahbaz perpetrado por extremistas muçulmanos do Al Qaeda.
Sobre o tema dos cristãos no Paquistão, Bhatti assinalou que este "é um assunto que diz respeito a todos os paquistaneses porque está em jogo o futuro pacífico do país através da oposição a toda forma de intolerância, violência e terrorismo".
Na sua opinião, "o principal problema para os cristãos hoje no Paquistão é a interpretação excessivamente restritiva da chamada lei de blasfêmia: de nossa parte obviamente não há vontade de faltar o respeito à religião islâmica. Procuramos de muitas formas que todos entendam. A interpretação da lei não pode, então, provocar mais vítimas inocentes entre os cristãos".
Paul Bhatti assegurou também que "não duvidei em perdoar os assassinos. Para um cristão é um passo necessário, que entretanto não cancela a dor. Além disso, solicito que se faça justiça".
Estas palavras, assinala o L'Osservatore Romano, foram compartilhadas pelo grande Imã (líder religioso muçulmano) de Lahore, Khabior Azad, amigo pessoal de Shahbaz Bhatti.
Depois da Audiência Geral de ontem Bhatti recordou que "o esforço no diálogo não será interrompido pelo assassinato do ministro" e acrescentou que "o apoio do Pontífice ao movimento de diálogo inter-religioso é decisivo. Este encontro é um passo adiante para a paz do país".
Paul Bhatti, que foi nomeado conselheiro especial do Primeiro-ministro do Paquistão para as minorias religiosas, desempenha agora este trabalho em seu país logo depois de ter trabalhado como médico no exterior, em lugares como a Itália, para prosseguir o trabalho de seu irmão Shabhaz.
Shahbaz Bhatti foi interceptado na quarta-feira 2 de março por um grupo de mascarados quando saía de sua residência rumo ao seu escritório. Os assassinos que disseram ser membros do Al Qaeda dispararam com armas automáticas durante dois minutos contra o ministro que recebeu um total de oito disparos que lhe causaram a morte.
Os panfletos deixados pelos assassinos do ministro Bhatti na cena do crime continham frases como "foi morto porque era cristão, infiel e blasfemo", seu assassinato é parte de "uma guerra de religião para eliminar a aqueles que desejam modificar a lei sobre a blasfêmia"; e "por graça de Alá, todos os que são membros da Comissão de revisão da lei, irão ao inferno".
A lei de blasfêmia é uma norma inspirada na lei Xaria (muçulmana) que castiga quem ofenda o Corão ou Maomé, e costuma ser usada para perseguir as minorias como a cristã pois um muçulmano pode acusar alguém sem provas e sem testemunhas. Os castigos por quebrar esta lei chegam inclusive até a pena de morte.
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