Vaticano, Jun 12, 2011 / 14:12 pm
Ao presidir este domingo na Basílica de São Pedro a Missa pela Solenidade de Pentecostes, o Papa Bento XVI assinalou que a Igreja Católica, animada pelo Espírito Santo, sempre é Santa e universal, e por isso supera toda barreira e distinção humana convertendo-se em expressão permanente de unidade e autêntica alegria.
Em sua homilia o Santo Padre assinalou que esta festa é grande de maneira particular na Igreja porque marca depois de 50 dias "o cumprimento do evento da Páscoa, da morte e ressurreição do Senhor Jesus, através do dom do Espírito do Ressuscitado".
Em seguida, o Papa se referiu ao salmo 103 da Missa de hoje, um louvor à criação e disse que com esta passagem "aquilo que deseja dizer-vos a Igreja é isto: o Espírito Criador de todas as coisas e o Espírito Santo que Cristo fez descer do Pai sobre a comunidade dos discípulos são um e o mesmo: criação e redenção se pertencem reciprocamente e constituem, em profundidade, um único mistério de amor e de salvação".
"O Espírito Santo é, antes de tudo, o Espírito Criador e, portanto, Pentecostes é a festa da criação. Para nós, cristãos, o mundo é fruto de um ato de amor de Deus, que fez todas as coisas e das quais Ele se alegra porque é "coisa boa", "coisa muito boa", como recorda-nos a narração da criação”.
“A fé no Espírito Criador e a fé no Espírito que o Cristo Ressuscitado dá aos Apóstolos e dá a cada um de nós estão, portanto, inseparavelmente unidas".
Depois de explicar que é o Espírito Santo quem permite reconhecer a Cristo como Senhor, o Papa explicou que "a expressão "Jesus é o Senhor" pode-se ler nos dois sentidos. Significa: Jesus é Deus, e contemporaneamente: Deus é Jesus. O Espírito Santo ilumina esta reciprocidade: Jesus tem dignidade divina, e Deus tem o rosto humano de Jesus. Deus se mostra em Jesus e, com isso, dá-nos a verdade sobre nós mesmos".
"Deixar-nos iluminar no profundo por essa palavra é o evento de Pentecostes. Recitando o Credo, nós entramos no mistério do primeiro Pentecostes: da desordem de Babel, daquelas vozes que se chocam uma contra a outra, acontece uma radical transformação: a multiplicidade se faz multiforme unidade, do poder unificador da Verdade cresce a compreensão", afirmou.
O Papa disse logo que "o Senhor sopra na nossa alma um novo sopro de vida, o Espírito Santo, a sua mais íntima essência, e, desse modo, acolhe-nos na família de Deus. Com o Batismo e a Crisma, nos é dado este dom de modo específico, e com os sacramentos da Eucaristia e da Penitência, isso se repete continuamente: o Senhor sopra na nossa alma um sopro de vida. Todos os Sacramentos, cada um de maneira própria, comunicam ao homem a vida divina, graças ao Espírito Santo que opera neles".
"Na liturgia de hoje, colhemos ainda uma ulterior conexão. O Espírito Santo é Criador, é ao mesmo tempo Espírito de Jesus Cristo, ainda que o Pai, o Filho e o Espírito Santo sejam um só e único Deus".
Com essa afirmação, prosseguiu Bento XVI, pode-se dizer também que "o Espírito Santo anima a Igreja. Ela não deriva da vontade humana, da reflexão, da habilidade do homem e da sua capacidade organizativa, posto que se assim fosse já há tempos estaria extinta, assim como passa cada coisa humana. Ela é, ao contrário, o Corpo de Cristo, animado pelo Espírito Santo".
As imagens que usa São Lucas do vento e o fogo para referir-se ao Espírito Santo sobre os apóstolos, recordam o Pacto do Monte Sinai: "Assim, o evento de Pentecostes é representado como um novo Sinai, como o dom de um novo Pacto em que a aliança com Israel é estendida a todos os povos da Terra, em que caem todos os obstáculos da velha Lei e aparece o seu coração mais santo e imutável, isto é, o amor que exatamente o Espírito Santo comunica e difunde, o amor que abraça todas as coisas".
"Ao mesmo tempo, a Lei dilata-se, abre-se, também se tornando mais simples: é o Novo Pacto, que o espírito "escreve" nos corações de quanto creem em Cristo. A extensão do Pacto a todos os povos da Terra é representada por São Lucas através de um elenco de populações consideráveis por aquela época", explicou Bento XVI.
Seguidamente o Papa afirmou que “com isso, nos é dita uma coisa muito importante: que a Igreja é católica desde o primeiro momento, que a sua universalidade não é o fruto da inclusão sucessiva de diversas comunidades”.
“Desde o primeiro instante, de fato, o Espírito Santo a criou como a Igreja de todos os povos; essa abraça o mundo inteiro, supera todas as fronteiras de raça, classe, nação; abate todas as barreiras e une os homens na profissão do Deus uno e trino. Desde o início a Igreja é una, católica e apostólica: essa é a sua verdadeira natureza e como tal deve ser reconhecida. Ela é santa, não graças à capacidade dos seus membros, mas porque Deus mesmo, com o seu Espírito, cria-a, purifica-a e santifica-a sempre", afirmou o Pontífice.
O Papa recorda que no Evangelho de hoje os discípulos se alegraram ao ver o Senhor, que é "a alegria mesma, dom do Espírito Santo. Sim, é belo viver porque sou amado, e é a Verdade que me ama".
"Hoje, em Pentecostes, essa expressão é destinada também a nós, porque na fé podemos vê-Lo; na fé Ele vem entre nós e também a nós mostra as mãos e o lado, e nós nos alegramos. Por isso queremos rezar: Senhor, mostra-te! Dá-nos o dom da tua presença, e teremos o dom mais belo: a tua alegria. Amém!", concluiu Bento XVI.
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