23 de novembro de 2024 Doar
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Jornal vaticano: Publicidade do aborto e da eutanásia manipula a ansiedade e o medo das pessoas

O jornal vaticano L’Osservatore Romano denuncia como a propaganda do aborto e da eutanásia manipula e alenta nas pessoas a ansiedade e o medo próprios da sociedade atual, para gerar uma mudança cultural que banalize a morte através de um processo de recomposição mental.

Em um artigo de sua edição para este domingo 19 de junho escrito pelo especialista em bioética e em neonatologia italiano, Dr. Carlo Bellieni, titulado "Como se vende a morte", o perito adverte que "a comunicação intervém sempre com força para influenciar no modo em que percebemos nossa saúde e julgamos complexos assuntos bioéticos como o aborto e a eutanásia".

Utilizando um recente artigo publicado no American Journal of Public Health, o perito explica o conceito do "mercado das doenças", bastante conhecido no campo da medicina:

"Para vender fármacos se inventam do nada patologias ou se tratam como tais características humanas como, por exemplo, a timidez ou a menopausa". Este objetivo segue ademais uma clara estratégia que tem início ao "ampliar os dados para logo criar um sentido de pânico".

"Passa-se logo aos testemunhos que são de dois tipos: primeiro os casos quase ‘milagrosos’ do fármaco em questão, e logo os peritos que juram sobre a bondade do fármaco. Este fenômeno –prossegue– está em auge, sobretudo nos países onde para comprar os fármacos não sempre é necessária a receita médica, e isto é inquietante porque gera uma relação mercantilista entre o cidadão, a enfermidade e o médico".

Este procedimento publicitário, diz o Dr. Bellieni, aplica-se atualmente para introduzir novos critérios morais nas campanhas que promovem o aborto e a eutanásia.

Por exemplo, assegura, "o ingresso dos fármacos abortivos no mercado chega com uma propaganda incessante que os mostra como essenciais e condena aqueles que se opõem a eles como causadores dos sofrimentos das mulheres".

Entretanto, prossegue o perito médico italiano, vários estudos mostram que o aborto induzido por fármacos "é menos ‘aceito’ pelas mulheres e mais doloroso que o método cirúrgico. A isso também se somam vários casos de mortes como o da filha do Didier Sicard, então presidente do Comitê de bioética francês (em 2006)".

Sobre a campanha publicitária a favor da eutanásia, o Dr. Bellieni afirma que os seus promotores "buscam testemunhos famosos e casos lamentáveis, induzindo na população a ansiedade pela possibilidade de encontrar-se amanhã em coma, entubados, em vida contra os próprios interesses".

O perito precisa logo que as campanhas a favor da pílula abortiva e o suicídio assistido "na realidade procuram vender uma opção cultural sobre a morte. A primeira quer fazer ver a morte como algo banal, como tomar um copo de água (que efetivamente no imaginário acompanha o fato de tomar uma pílula), enquanto que a segunda busca ‘dirigi-la’, na ilusão de provocá-la subitamente cancelando assim o fato de ter que vê-la".

"Desta forma ambas escondem o engano de não ver a morte de frente e de chamá-la com outro nome, em uma operação psicologicamente perigosíssima de remoção mental", adverte o médico especialista.
 
Para o Dr Bellieni, aqueles que geram estas campanhas manipulam a ansiedade das pessoas e a alimentam, dado que esta é uma característica fundamental da sociedade pós-moderna onde acontecem "inumeráveis anúncios de improváveis catástrofes apocalípticas aonde o medo, o anseio de controle para não ir ao encontro de imprevistos superou o desejo de projetar o futuro".

"Tanto é certo que esta é a primeira geração que foi descrita como caracterizada pela perda de ideais, e na qual, como cantava Bob Dylan no Masters of Wars se produz ‘o pior de todos os medos, o de trazer filhos ao mundo’".

Com a publicidade e os meios exaltando a opção pela morte com o aborto e a eutanásia, afirma o perito, "querem fazer-nos esquecer que a depressão, a solidão e as dificuldades podem ser superadas e com freqüência vencidas. E nos fazem assimilar necessidades e comportamentos induzidos, bem distantes das necessidades reais e das respostas que as pessoas necessitam".

Ao final de contas, conclui, criam-se "necessidades que nem nós mesmos compreendemos".

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