GENEBRA, Jul 11, 2011 / 12:22 pm
O representante do Vaticano ante o Conselho de Direitos humanos das Nações Unidas (ONU) em Genebra, explicou que a recente resolução sobre a "orientação sexual e identidade de gênero" aprovada neste organismo internacional é parte de uma agenda que busca restringir a liberdade da Igreja.
"A resolução marca uma mudança. Nota-se como o começo de um movimento dentro da comunidade internacional e das Nações Unidas para incluir direitos dos homossexuais na agenda global de direitos humanos", explicou Dom Silvano Tomasi, chefe da Missão Permanente da Santa Sé perante a ONU em Genebra, em uma entrevista concedida por correio eletrônico à agência ACI Prensa.
O Arcebispo expressou sua preocupação pelas leis que surjam a partir da resolução, pois poderiam degradar socialmente o matrimônio e a família ao colocá-los no mesmo nível que as uniões homossexuais.
O representante do Vaticano também disse que o matrimônio se veria ameaçado por medidas para impulsionar a adoção de crianças por casais homossexuais e a introdução de uma "educação sexual obrigatória na escola que colide com os valores cristãos".
No último 17 de junho, o Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra aprovou em uma votação de 23 votos favoráveis, 19 contrários e três abstenções, uma resolução na qual se ordena realizar um estudo para medir "o grau de discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero no mundo", que foi celebrada pelos ativistas homossexuais e o Governo dos Estados Unidos como um passo "histórico" no impulso da agenda gay.
Em declarações ao grupo ACI, o Arcebispo Tomasi reiterou que a Igreja não apóia a violência contra os homossexuais nem as tentativas de certos estados de castigar uma pessoa simplesmente por "sentimentos e pensamentos".
"Acredito que a violência contra as pessoas homossexuais não é aceitável e deve ser rechaçada, apesar de que isto não implique uma aprovação de seu comportamento", afirmou.
Entretanto, o prelado esclareceu que os termos "orientação sexual e identidade de gênero" não estão "definidos no direito internacional" e para algumas pessoas "estas palavras são uma frase codificada para certos tipos de conduta".
O Arcebispo observou que todas as sociedades regulam o comportamento sexual, até certo ponto -ao proibir práticas como o incesto, a pedofilia ou o estupro- em prol do bem comum.
"Em lugar de 'gênero', o conceito que devemos utilizar é o 'sexo', um término universal no direito natural se refere a homens e mulheres", indicou o Arcebispo e advertiu que términos "como ‘gênero’ ou ‘orientação sexual’ estão pensados para escapar da realidade e para dar capacidade a uma variedade de sentimentos e impulsos que logo se transformam em direitos", indicou.
Para o Arcebispo, este uso da linguagem pode parecer levianamente inofensivo enquanto os direitos alegados pareçam confinados à vida privada. Entretanto, ele advertiu que estas demandas estão em conflito com direitos autênticos como o livre exercício da religião e a educação dos filhos, quando permitem o surgimento de legislações contrárias à defesa da vida, do matrimônio e da família.
Dom Tomasi citou o caso da Espanha, onde nos últimos anos foi liberalizado o aborto, foram aprovadas as uniões homossexuais e adotada uma "política que nega o direito fundamental dos pais a escolherem a educação de seus filhos".
Dom Tomasi assinalou à ACI Prensa que os católicos de hoje têm uma responsabilidade "em esclarecer aspectos legais e morais da cultura atual", fazendo uma distinção entre os desejos e os direitos, a promoção da síntese católica entre a fé e a razão, e deixando em claro que uma sentença contra a homossexualidade é não é uma condena aos homossexuais.
"Há uma confusão na mente de algumas pessoas, na combinação de uma relação justa e de proteção para todas as pessoas - incluindo os homossexuais - e o apoio à função indispensável da família, o direito dos pais a educarem seus filhos, o apoio à família natural para o bem comum", acrescentou.
O representante do Vaticano junto ao Conselho de Direitos Humanos da ONU recordou que "o ensinamento da Igreja não está condicionado pelo consenso político" e por isso "às vezes é incompreendido e inclusive convertido no alvo de represálias e perseguição".
"A razão e a lei natural respaldam as posturas inspiradas na fé, e a convergência da fé e a razão é extremamente proveitosa para o progresso e o bem-estar da família humana", concluiu.
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