MADRI, Feb 23, 2005 / 17:21 pm
Em seu último livro “Memória e Identidade”, o Papa João Paulo II se mostra como um “europeu excepcional na hora de fazer reflexão e memória”, afirmou nesta terça-feira na Espanha o Arcebispo de Madri, Cardeal Antonio María Rouco Varela, durante a apresentação à imprensa da mais recente obra pessoal do Pontífice.
João Paulo II “é um europeu de primeira categoria”, com uma experiência muito rica que muito poucos políticos e altos representantes da vida pública “podem igualar”, disse o presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) no ato realizado na Associação da Imprensa de Madri.
O livro, apresentado simultaneamente também na Itália, Alemanha e Brasil, fecha –segundo o Cardeal– uma trilogia iniciada com “Dom e mistério”, onde o Papa narrou suas experiências de 50 anos de sacerdócio, e ao que seguiu, no ano passado, “Levantai-vos, vamos!”, memória do 25° aniversário de sua consagração episcopal.
O presidente da CEE declarou que no livro, fruto de conversas “de grande corte intelectual” sustentadas em 1993 com dois amigos filósofos poloneses, os professores Józef Tischner e Krzysztof Michalski a respeito das ditaduras que marcaram o século XX, João Paulo II aborda de forma direta e imediata uma série de questões muito variadas, da mesma maneira com a que “ele se relacionou com o mundo exterior”.
O Arcebispo assinalou que em “Memória e Identidade”, quem reflete “é o Papa”, mas também “um polonês”, “um europeu de primeira categoria”, difícil de igualar por outros “homens da cultura ou da política” e, principalmente “um cidadão do mundo”.
Embora para escrever este último livro o Papa “não sai de sua condição de Bispo de Roma”, “Memória e Identidade”, precisou o Cardeal, deve ser qualificada como uma das “obras particulares” de João Paulo II, diferenciando a das “magisteriais”. Segundo o Arcebispo, com este tipo de publicações o Santo Padre estabelece, “novas fórmulas” para “comunicar-se com a Igreja e a humanidade”.
“Em um cruzamento constante de planos”, o Pontífice intercala a história da Europa e a da Igreja com o passar do século passado, através do “fio da antropologia teológica, tal como a expõe o Vaticano II”, que não se limita ao “panorama antropológico” indicado pelo teólogo Karl Rahner, mas sim a um “panorama antropológico à luz de Cristo”, acrescentou o Cardeal.
Do mesmo modo, o presidente do episcopado assinalou que, a seu juízo, a “Nova Evangelização” é a inspiração em todo o livro”, argumentando não conhecer outro texto onde o Papa “se declare tão estreitamente unido a Evangelii Nuntiandi” de seu antecessor Paulo VI.
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