21 de dezembro de 2024 Doar
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Igreja na Nicarágua deplora "Missa revolucionária" do presidente Ortega

Dom Silvio Báez, Bispo Auxiliar de Manágua, Nicarágua | El Nuevo Diario

O Bispo Auxiliar de Manágua (Nicarágua), Dom Silvio Báez, expressou seu mais enérgico rechaço ao fato que o governo do presidente Daniel Ortega chame de "Missa revolucionária" o ato público que será realizado na próxima terça-feira 19 de julho ao celebrar o 32° aniversário da queda do ditador Anastasio Somoza.

Em declarações ao jornal nicaragüense El Nuevo Diario, o Prelado disse estar indignado após o anúncio realizado pela primeira dama, Rosario Murillo, quem convocou o público à concentração política que Ortega presidirá em Manágua.

"Como Igreja nos sentimos assombrados, porém indignados, de que possam utilizar de uma maneira tão grotesca um termo que, para nós os católicos, é o mais sagrado da nossa fé que é a Missa, Ceia do Senhor ou Eucaristia", afirmou Dom Báez.

Segundo o site oficial "El 19 digital", Murillo afirmou: "Deus me perdoe se ofendo alguém, mas isso é. Nós vamos a uma missa revolucionária, vamos cantar, encher-nos do deus dos pobres, de amor ao próximo".

Dom Báez questionou o uso de símbolos e linguagem religiosos na propaganda oficial, e disse que isso "ofende" a Igreja.

O bispo disse também que a "Igreja é a comunidade de fé dos que acreditam em Jesus Cristo e em comunhão com os (seus) pastores, sacerdotes, bispos e o Papa, vivem e celebram sua fé. Chamar de igreja uma coisa que não é... isto é um abuso, é uma ofensa, um desrespeito à Igreja ou uma ignorância total".

Por sua parte Dom Carlos Avilés, Vigário Episcopal, considerou que se deve tomar cuidado para não cair na idolatria. "Quando se professa dogmatismo a outra coisa que não é Deus isso já é idolatria. É idolatria quando se pede professar fé a uma linha política, a um projeto econômico, já se está fora do âmbito da fé a Jesus Cristo", alertou.

O Bispo Auxiliar de Manágua assinalou que em alguns anúncios publicitários, Murillo cita frases como "fé sandinista" e "fé revolucionária", mas "a fé supõe que eu me submeta a Deus e não que eu manipule Deus para minhas intenções egoístas", explicou.

"A fé cristã não é uma ideologia, tem como referente o absoluto, um Deus que é amor e que se revelou em seu filho Jesus Cristo e só ele merece do ser humano a entrega total de seu coração", assegurou.

O Bispo qualificou de "atrevido, revoltante e abusivo" o uso da Missa para referir-se a um evento político. "Nesta confusão de linguagem em um povo tão crente como o nosso, é muito difícil não pensar que o que existe atrás é uma tentativa de manipular o sentimento religioso de um povo e isto é realmente revoltante e abusivo", sustentou.

O Prelado também advertiu que a Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) poderia tomar "medidas disciplinares" contra qualquer sacerdote que participe de "esta áspera e vulgar manipulação da fé".

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