21 de novembro de 2024 Doar
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Eliminar símbolos religiosos é ignorar a história e a cultura

O Bispo de Mar del Plata (Argentina), Dom Antonio Marino, criticou um projeto de lei que busca suprimir os símbolos religiosos na capital Buenos Aires e explicou que fazê-lo seria ignorar a identidade histórica e cultural do país, assim como a tentativa de refundar a nação sobre fundamentos "diversos aos já colocados".

Em uma coluna publicada no Jornal La Capital e recolhida pela agência argentina AICA, o Prelado criticou que a autora da iniciativa, a doutora María José Lubertino, invoque um suposto "direito a não acreditar".

Também recordou que "existem outros antecedentes que vão na mesma direção, como o questionamento da presença do sinal da cruz no escudo da cidade de Buenos Aires, ou a proposta do retiro dos restos do general San Martín do recinto da catedral primaz".

"Se levássemos a sério a proposta de erradicar os símbolos religiosos das instituições civis e dos espaços públicos, isto nos levaria muito longe. A aplicação coerente e sistemática deste princípio impulsionado por uma minoria, parece supor que na organização da sociedade pode-se ignorar seu passado e sua identidade histórica e cultural. Isto equivaleria a pretender fundar novamente a pátria sobre fundamentos diferentes dos que já foram postos", advertiu.

Do mesmo modo, indicou que "seria preciso mudar o preâmbulo da Constituição Nacional onde invocamos Deus como ‘fonte de toda razão e justiça’. Haveria também que eliminar o artigo 2 da mesma, conforme ao qual a Igreja Católica é considerada como uma instituição de direito público".

O Prelado ressaltou logo que "segundo a mesma linha de argumentação, que vê nos símbolos religiosos uma ameaça para a democracia e a liberdade, deveríamos então mudar os nomes de inumeráveis cidades, províncias e ruas que levam a marca do cristão e do católico".

"Será preciso rebatizar as províncias de Santa Fe, San Juan, San Luis, Santa Cruz, Misiones, Santiago del Estuário? Trocaremos de nome as cidades de Jesús María,(...) Concepción, Pilar, San Miguel de Tucumán, Santa Rosa (...)? A lista seria tão longa!", assegurou.

O bispo também se referiu "aos ressaibos da linguagem bíblica que ficaram impressos nas línguas romances” (...). Por isso afirmou: “A proposta, se for levada adiante de forma sistemática e coerente, desembocaria na negação mesma da história e da cultura do Ocidente".

Logo depois de sublinhar que "o cristianismo é a força espiritual que levou a distinguir, sem opor, o âmbito do poder espiritual e o âmbito do poder político. ‘Dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus’", o Bispo explicou que "retamente entendida a laicidade do Estado se origina com a fé cristã. Outra coisa diferente é o laicismo, que tenta marginar Deus da vida pública e relegá-lo ao interior da consciência e ao interior dos templos".

Por último, Dom Marino questionou que se fale do "direito a não acreditar", ao interpelar: "Alguém é perseguido por não acreditar? Não se deveria falar do direito a acreditar? Ou por defender o direito de minorias devemos atacar as convicções das maiorias?”

“Além disso, deve nossa pátria renunciar ao seu passado e à sua identidade histórica e cultural?", concluiu.

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