Roma, Sep 15, 2011 / 08:31 am
Esta quinta-feira 15 de setembro, na embaixada de Israel em Roma, realiza-se a cerimônia na qual será outorgado o título de "Justo entre as nações" –a mais alta condecoração judaica existente– ao sacerdote Ottavio Posta, quem em junho de 1944 arriscou sua vida para salvar a dezenas de judeus na Ilha Maior (Perugia, Itália).
A nota do L’Osservatore Romano (LOR) assinala que na noite do 19 e 20 de junho de 1944, ajudado por alguns pescadores, o sacerdote italiano se lançou ao Lago Trasimeno para resgatar dezenas de judeus que se encontravam no castelo da Ilha encarcerados por causa das leis raciais.
Este episódio é um dos muitos que se enquadram na grande obra da Igreja liderada pelo Papa Pio XII, quem ajudou a salvar a vida de 800 mil judeus durante a Segunda guerra mundial.
O L’OR assinala que o caso do Pe. Posta pôde ser conhecido graças a alguns testemunhos e à investigação do Arcebispo Emérito de Perugia, Dom Giuseppe Chiaretti, nos arquivos históricos diocesanos.
Uma carta de agosto de 1944 e assinada por alguns dos resgatados: Bice Todros Ottolenghi, Giuliano Coen, Albertina Coen, Livia Coen, assinala que "dom Ottavio Posta, Pároco da Ilha Maior no (lago) Trasimeno, durante o período de nossa prisão na ilha pelas leis raciais, foi para nós de grande ajuda e consolo".
A missiva ressalta que o testemunho do sacerdote foi mais claro "quando o perigo aumentava, não só fez que os habitantes da ilha nos levassem até a borda aonde já estavam os ingleses, mas também ele mesmo passou conosco o perigo de atravessar o lago, mesmo exposto a tiros de metralhadoras, dando um claríssimo exemplo aos seus paroquianos".
A carta, datada em agosto de 1944, pede ademais ao Bispo dessa época "fazer-se intérprete com sua alta palavra ao benemérito dom Ottavio Posta de nossa gratidão por seu ato altruísta e de bom pastor".
O jornal vaticano adianta passagens do discurso do atual Arcebispo de Perugia, Dom Gualtiero Basseti, quem afirma, dirigindo-se ao falecido Pe. Posta, que embora a carta dos judeus resgatados em 1944 não teve resposta do Bispo de então, "sua caridade, exercida sem pensar em méritos ou recompensas, por aqueles sofredores foi uma resposta por si mesma, efetiva e inequívoca. E assim permanece para todos".
"Hoje a comunidade judia, atualizando e honrando seu nome como justo entre as nações, não nos convida simplesmente a uma cerimônia, com o olhar no passado. Onde quer que seja evocada a fé e a esperança em Deus, fala-se ao presente e ao futuro".
Finalmente o Prelado faz votos para que "ajude-nos a inteira comunhão dos Santos; e nos ilumine sua presença desde o alto da Ilha Maior, dom Ottavio, onde está hoje mais que nunca presente em meio de seus paroquianos, como o desejou".
O Pe. Posta foi pároco na mencionada localidade entre 1915 e 1963, ano em que faleceu.
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