Vaticano, Oct 15, 2011 / 13:28 pm
O Papa Bento XVI explicou esta manhã que ante as crises trabalhista, econômica e da instituição familiar que afetam um grande setor da população mundial, é necessário uma síntese harmônica entre a família e o trabalho que esteja baseada na caridade, no amor.
Bento XVI recebeu este sábado em uma audiência os participantes do Convênio Internacional "Família, Negócios: superar a crise com novas formas de solidariedade. A vinte anos da Centesimus annus", promovido pela Fundação Centesimus Annus-Pro Pontífice, Bento XVI recordou que na doutrina católica se expõe o caminho para combater as crises econômica, trabalhista e familiar atuais.
O Papa disse que os cristãos "têm o dever de denunciar o mal, de testemunhar e ter vivos os valores nos quais se funda a dignidade da pessoa, e de promover aquelas formas de solidariedade que favorecem o bem comum, para que a humanidade se faça cada vez mais a família de Deus".
Depois de recordar que este ano se cumpre 120 anos da encíclica social Rerum Novarum de Leão XIII, 20 anos da encíclica Centesimus Annus de João Paulo II escrita no centenário da Rerum Novarum, e 30 anos da exortação apostólica Familiaris Consortio também do Papa Wojtyla, Bento XVI ressaltou a riqueza e o aporte da Igreja sobre estes temas.
O Papa destacou que "apesar das mutações nas condições externas não mudou o patrimônio interno do Magistério Social que promove sempre a pessoa humana e a família, em seu contexto de vida”.
"Os conflitos de casal, aqueles geracionais, aqueles do tempo com a família e o trabalho, a crise trabalhista, criam uma complexa situação de desconforto que influencia no viver social. E por isso, é necessário uma nova síntese de harmonia entre família e trabalho, à qual a doutrina social da Igreja pode oferecer sua contribuição", indicou o Santo Padre na Sala Clementina do Palácio Apostólico Vaticano.
O Santo Padre recordou que na Familiaris Consortio o Beato João Paulo II explica a quádrupla tarefa da família: "a formação de uma comunidade de pessoas; o serviço à vida; a participação social; e a participação eclesiástica".
De acordo com o Concílio Vaticano II, continuou o Pontífice, a família é um santuário intocável "onde a pessoa amadurece no afeto, na solidariedade e na espiritualidade".
"Também a economia com suas leis deve sempre considerar o interesse e a salvaguarda de tal célula primária da sociedade, a mesma palavra ‘economia’ em sua origem etimológica contém uma reclamação sobre a importância da família: oikia e nomos, a lei da casa".
O Papa ressaltou logo que "o amor está na base do serviço da vida, baseado na cooperação que a família dá à continuidade da criação, à procriação do homem feito à imagem e semelhança de Deus".
Bento XVI defendeu que é principalmente na família "onde se aprende a atitude correta com a qual viver no âmbito da sociedade, também no mundo do trabalho, da economia, das gestões, que deve ser guiado pela caridade, na lógica da gratuidade, da solidariedade, e da responsabilidade dos uns com os outros".
Deste modo, a família "converte-se em um sujeito ativo e capaz de recordar o rosto humano que deve ter o mundo da economia", assegurou.
O Santo Padre disse logo que "o desenvolvimento necessita de cristãos com os braços elevados para Deus no gesto da oração, cristãos movidos pelo conhecimento de que o amor total da verdade, caritas in veritate, de onde procede o verdadeiro desenvolvimento, não provém de nós, mas nos é dado".
Finalmente, o Santo Padre resumiu que a tarefa da família pode resumir-se em "tomar parte na evangelização de um modo específico e original, e põe ao serviço da Igreja e da sociedade o próprio ser e o próprio atuar, como uma íntima comunidade de vida e de amor".
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