23 de novembro de 2024 Doar
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O Papa pede que sejam libertos do jugo da fome os que a padecem

Em sua mensagem para a Jornada Mundial da Alimentação, o Papa Bento XVI fez um enérgico chamado para trabalhar incansavelmente para liberar "do jugo da fome" aqueles que a padecem porque assim se respeita o fundamental direito à vida de toda pessoa.

No texto enviado ontem ao Diretor da FAO, Jacques Diouf, o Papa recorda que "as imagens dolorosas das numerosas vítimas da fome no Chifre da África ficaram gravadas em nossos olhos, e cada dia se acrescenta outro capítulo da que é uma das catástrofes humanitárias mais graves dos últimos decênios".

Certamente, prossegue, "diante da morte de comunidades inteiras por causa da fome e do abandono forçado de suas terras de origem, é essencial a ajuda imediata, mas é necessário também intervir no curto e longo prazo para que a atividade internacional não se limite a responder somente às emergências".

A mensagem, que foi lida pelo Observador Permanente da Santa Sé ante a FAO em Roma, Dom Luigi Travaglino, afirma que "a situação se complicou cada vez mais pela difícil crise que afeta no âmbito mundial diversos setores da economia e que golpeia duramente sobre tudo os mais necessitados, condicionando à sua vez a produção agrícola e a conseguinte possibilidade de acesso aos mantimentos".

Na Jornada Mundial da Alimentação que este ano tem como tema "Preços dos mantimentos: da crise à estabilidade", o Papa sublinha também que "o esforço dos Governos e de outros componentes da Comunidade internacional deve estar orientado para opções eficazes, conscientes de que a liberação do jugo da fome é a primeira manifestação concreta do direito à vida que, apesar de ter sido proclamado solenemente, está com freqüência muito longe de ser cumprido efetivamente".

O Santo Padre alentou também a promover o trabalho agrícola como parte do desenvolvimento integral e em defesa das populações rurais. Deste modo denunciou que seja difundida "em qualquer parte a idéia de que os mantimentos são uma mercadoria mais e, portanto, submetidos também a movimentos especulativos".

Seguidamente Bento XVI explica que a globalização deve superar a "proximidade" para fazer que todas as pessoas se redescubram como irmãos, voltando a olhar os "valores inscritos no coração de cada pessoa e que sempre inspiraram sua ação: o sentimento de compaixão e de humanidade para outros, o dever da solidariedade e o compromisso pela justiça, devem voltar a ser a base de toda atividade, incluindo as que a comunidade internacional realiza".

O Papa ressaltou logo que "o propósito desta Jornada deveria ser o compromisso por modificar condutas e decisões que assegurem, hoje melhor que manhã, que toda pessoa tenha acesso aos recursos alimentares necessários, e que o setor agrícola disponha de um nível de investimentos e recursos capaz de dar estabilidade à produção e, portanto, ao mercado".

"Trata-se, em definitiva, de assumir uma atitude interior de responsabilidade, capaz de inspirar um estilo de vida distinto, com a sobriedade necessária no comportamento e o consumo, para favorecer assim o bem da sociedade. E que valha também para as gerações futuras, por sua sustentabilidade, a tutela dos bens da criação, a distribuição dos recursos e, sobre tudo, o compromisso concreto pelo desenvolvimento de povos e nações inteiras".

Finalmente o Papa ressaltou que a Igreja Católica "através de suas estruturas e agências de desenvolvimento, seguirá as acompanhando ativamente neste esforço para que cada povo e comunidade disponha da segurança alimentar necessária, que nenhum compromisso ou negociação, por muito acreditado que seja, poderá assegurar sem uma solidariedade real e uma fraternidade autêntica".

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