SÃO PAULO, Feb 28, 2005 / 17:41 pm
Criados em meados de 2003 pela Arquidiocese de São Paulo, os Ceats (Centros de Atendimento ao Trabalhador) vêm conquistando na cidade de São Paulo um espaço inédito e significativo no treinamento e busca de empregos para mão-de-obra de baixa qualificação, a fim de combater o desafio do desemprego na região metropolitana.
Segundo o publicado no jornal Folha de São Paulo, em 2004, seis unidades da igreja espalhadas pela capital empregaram o equivalente a cerca da metade dos empregos criados pela CUT (Central Única do Trabalhador), o maior sindicato da América Latina. Por meio dos Ceats, a igreja intermediou a contratação de 9.047 pessoas em 2004 e criou 23.832 vagas novas, captadas em empresas.
Boa parte das pessoas atendidas nos Ceats são classificadas como "situação de rua", sem-tetos que muitas vezes necessitam de roupas, documentos, apoio psicológico e de comida. Em 2004, os Ceats receberam R$ 2 milhões para colocação de pessoal e cursos de requalificação. A CUT, cerca de R$ 4 milhões --o que mostra uma "produtividade" equivalente entre as duas entidades no uso dos recursos públicos. Em 2005, a meta do Ceat é tentar dobrar o número de colocados com a obtenção de mais recursos.
Segundo o padre Lício de Araújo Vale, diretor administrativo-financeiro do Ceat, um dos objetivos centrais do trabalho é "atender a população que ninguém ouve ou representa na área do emprego, muitas vezes até por causa de interesses corporativos".
Uma das unidades do Ceat fica no bairro Brás, onde funcionou, a partir de 1888, a Hospedaria dos Imigrantes, criada para abrigar e triar estrangeiros que chegavam ao Brasil para trabalhar em lavouras. Hoje, a fachada mais visível do complexo abriga o Museu da Imigração. A parte dos fundos, batizada de Arsenal da Esperança, tem dormitórios para 1.150 camas, um restaurante popular a R$ 1,00, salas para cursos e uma das seis unidades do Ceat na cidade.
Muitos dos moradores de rua que vão ao Arsenal por motivos diversos acabam sendo encaminhados ao Ceat para tentar conseguir um emprego formal.
"Não somos só intermediários na criação de empregos. Fazemos também acompanhamento para tentar ajudar as pessoas a sair de seus problemas", diz dom Claudio Hummes, cardeal arcebispo metropolitano de São Paulo ao Jornal Folha de São Paulo. Assim como os Ceats, o Arsenal também é administrado pela igreja, por meio do Serviço Missionário Jovem, da Itália, em parceria com o governo do Estado.
Padre Lício afirma que a chave do trabalho dos Ceats é a "capilaridade". "Nas seis regiões (Belém/Brás, Ipiranga, Lapa, Santana, Santo Amaro e São Miguel Paulista) onde atuamos, procuramos sempre vagas nas empresas locais que possam ser preenchidas pelo perfil das pessoas que ajudamos." Além da captação de vagas em empresas nas regiões onde atuam, os Ceats fazem encaminhamento de seguro-desemprego.
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