SANTIAGO, Oct 31, 2011 / 13:40 pm
O Secretário do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização no Vaticano, Arcebispo Octavio Ruiz Arenas, assinalou em uma recente conferencia as chaves deste processo animado pelo Beato Papa João Paulo II e agora pelo Bento XVI, especialmente com este novo dicastério do qual faz parte o Prelado.
Em uma exposição feita neste último 21 de outubro em Santiago no Chile para um grupo de jovens missionários da Universidad Catolica chilena, o também Arcebispo Emérito de Villavicencio (Colômbia) recordou que "a missão fundamental da Igreja é a evangelização, que tem como fim último o anúncio claro de Jesus Cristo, Filho de Deus feito homem".
Este anúncio, disse o Prelado, "deve levar a uma adesão de coração, a um seguimento do Senhor Jesus, para que acolhendo essa Palavra de vida, a pessoa se converta em alguém que dá testemunho e anuncia, em outras palavras: quem foi evangelizado deve evangelizar também"
Esta tarefa é especialmente importante ante uma série de desafios como o fato de que "em muitos países de antiga tradição cristã, foi-se perdendo a fé e se deixaram envolver por um ambiente secularista, no qual querem excluir Deus da vida das pessoas, marginar a Igreja da atividade pública e viver em uma grande indiferença religiosa".
"Trata-se, em concreto, de países e nações nos quais o bem-estar econômico e o consumismo –embora misturado com espantosas situações de pobreza e miséria– inspiram e sustentam uma existência vivida ‘como se não houvesse Deus’", advertiu.
O conceito de Nova Evangelização, explicou o Arcebispo, surgiu "como tal durante a III Conferência Geral do Episcopado Latino-americano realizada em Puebla (México)". Com este novo critério, a tarefa da Igreja também é forjar "uma evangelização da cultura e de maneira especial uma nova qualidade de evangelização, que comece no setor das pessoas, da família e da paróquia, para confrontar o amplo fenômeno da secularização"
O Arcebispo precisou também que a nova evangelização "não se trata de uma mensagem nova, distinta à de sempre, pois pregamos o mesmo Jesus Cristo de ontem, hoje e sempre. A novidade por tanto está no coração de quem anuncia o Evangelho".
"Tem que ser uma pessoa inteiramente apaixonada por Senhor, de alguém que saciou sua sede, com a Palavra de Cristo, como o fez a mulher samaritana. A sede do homem só se calma, em Jesus. Ele é o Mendigo sedento que sai ao encontro da mulher samaritana".
Depois de pôr como exemplo Santa Teresa de Jesus, a primeira Santa chilena que faleceu aos 20 anos de idade, o Prelado disse que para a nova evangelização é importante que esta seja nova em seu ardor, nova em seus métodos e nova em sua expressão.
Os "requisitos" para a nova evangelização
Dom Ruiz Arenas enumerou logo uma série de requisitos para empreender esta tarefa, entre os quais está primeiro "dar primazia à graça", como dizia João Paulo II: "quer dizer devemos ser conscientes que é o Espírito Santo quem obra na Igreja. Não podemos cair na tentação de pensar que são nossas obras e nossos programas os que produzem os resultados, a conversão".
Um segundo requisito é "viver como autêntico discípulo missionário. O discipulado é uma realidade que não se pode viver de maneira isolada, individual, mas deve ser vivida em comunidade. O Senhor foi escolhendo e chamando os seus discípulos. Hoje também chama cada um de nós e nos dá uma missão. Devemos viver o gozo de sentir-nos chamados e amados pelo Senhor".
O terceiro é ter uma grande generosidade, enquanto que o quarto consiste em que "toda a atividade da Igreja deve ser uma expressão de amor e de serviço, que deve procurar o bem integral do ser humano. Mais ainda, em muitas circunstâncias esse amor fala por si só e se constitui em uma forma de evangelizar, pois através de sua atuação –assim como por seu falar, seu silêncio, seu exemplo- fazemos acreditável o que anunciamos e o que celebramos".
Um quinto requisito fundamental é a oração: "é importante que o que nos proponhamos, com a ajuda de Deus, esteja baseado na contemplação e na oração. Vivemos com grande agitação e contínuo movimento, o qual desemboca no ativismo, com o risco fácil do ‘fazer por fazer’".
Um sexto ponto a ter em conta é a centralidade da Eucaristia, que "encerra em si mesma o núcleo do mistério da Igreja e constitui a fonte e cume de toda a vida cristã. Nela se celebra com gozo o mistério da fé, já que faz presente o acontecimento central de nossa salvação e realiza a obra de nossa redenção, atualizando sempre no tempo o sacrifício redentor de Cristo".
Um sétimo requisito é a leitura constante da Palavra de Deus: "é urgente ter uma confiança e familiaridade com a Sagrada Escritura, para que seja como uma bússola que indica a via a seguir, com a ajuda de testemunhas e professores, que caminhem com eles e os levem a amar e a comunicar à sua vez o Evangelho, especialmente a seus coetâneos, convertendo-se eles mesmos em autênticos e acreditáveis anunciadores. Neste sentido é bom familiarizar-nos com o método de leitura orante da Sagrada Escritura, por meio da lectio divina".
Finalmente o Prelado recordou aos jovens o chamado do João Paulo II de "remar mar dentro" para ser "evangelizadores de outros: de sua família, de seus amigos e companheiros e de todos aqueles cuja fé é fraca ou têm medo de entregar-se ao Senhor. Hoje são vocês, os Apóstolos da Nova Evangelização".
O Pontifício Conselho para a Nova Evangelização foi criado pelo Papa Bento XVI em junho de 2010 para animar este processo especialmente na Europa e Estados Unidos, lugares de antiga tradição cristã aonde agora se vive um processo de profunda secularização.
Entre as tarefas que tem o dicastério, presidido pelo Arcebispo Rino Fisichella, estão a promoção e divulgação do Catecismo da Igreja Católica que no próximo ano cumpre 20 anos de sua publicação durante o pontificado de João Paulo II.
A criação deste novo dicastério está em sintonia com a realização do Sínodo dos Bispos para a Nova Evangelização que se celebrará no Vaticano em outubro de 2012.
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