26 de dezembro de 2024 Doar
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Não baixar o guarda mesmo quando parecer que o pecado nos supera, alenta Cardeal em retiro do Papa

O Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, Arcebispo de Kinshasa (Congo) e encarregado das meditações dos exercícios espirituais do Papa Bento XVI e a cúria vaticana, assinalou que na luta pelo bem, não se deve baixar o guarda inclusive quando "parecer que o mistério do pecado nos supera".

Assim o indicou o Cardeal em suas meditações nas quais tratou o tema "A comunhão do cristão com Deus". Partindo do sinal da Cruz, o Cardeal refletiu sobre Deus como vida, luz, verdade, misericórdia e guia amorosa, para tratar logo sobre o amor do mundo, a falta de fé em Cristo e o pecado do sacerdote.

O Cardeal disse que "viver na verdade é viver segundo as bem-aventuranças. Rechaçar a mentira em nossas palavras e ações, e repudiar a hipocrisia que nos empurra a aparentar algo diferente do que somos".

Também a Igreja deve combater a mentira e o engano em seu interior e no mundo, e lutar "para que a Verdade do Evangelho de Cristo seja conhecida e vivida", acrescentou.

Sobre o sinal da cruz, o Arcebispo afirmou  que este é um gesto que supera o costume e que em realidade é um ato "com o que acrescentamos a cada ação o esplendor da consciência, o dinamismo da liberdade". Um sinal que dá a entender o "sacrifício por amor: a morte para a ressurreição".

"Implica, portanto, a renúncia à vaidade, ao desejo de prestígio, de possuir e dominar, para consagrar o próprio obrar a Cristo".

O Cardeal também se referiu aos males do mundo como as guerras, a violência, o aborto e todas as formas de instrumentalização do ser humano; e convidou a não permanecer indiferentes ante "a repressão e a exploração do homem pelo homem. Não devemos baixar a guarda, mesmo quando o mistério do pecado parece que nos supera".

"Precisamos caminhar na luz, quer dizer, decidir-nos a abandonar o pecado" para deixar que a Verdade transforme a própria vida mediante um caminho de "conversão sempre renovada". O Cardeal Pasinya afirmou ademais que a compreensão de Deus como verdade interpela sobre tudo os que "já não têm consciência de seus pecados, os que perderam o sentido do pecado porque deixaram de pensar sobre o problema de Deus"; assim como àqueles que não possuem critérios de moralidade e confundem o bem com o mal.

Esta tendência está relacionada com a "indiferença religiosa que afirma que todas as religiões são válidas, mas que na realidade quer uma moral fácil".

Deste modo o Cardeal advertiu que os sacerdotes também não estão livres destes erros, "na medida em que a aridez espiritual os conduz freqüentemente aos mesmos defeitos. O ministério sacerdotal se transforma então em um emprego, sem um verdadeiro sentido de Deus".

Em uma meditação sucessiva, Dom Laurent Monsengwo Pasinya pôs como exemplo o caso emblemático dos apóstolos Pedro e Judas. O primeiro, de ânimo generoso, "caiu porque foi temerário e se expôs muito de perto do perigo. Mas depois abandona o lugar de sua queda e chora amargamente seu pecado".

Pode-se extrair daqui uma lição para todos os sacerdotes: "nossa generosidade não nos deixa a salvo do pecado. É preciso tomar medidas prudentes e não ser temerários expondo-se às quedas".

"Em toda situação, aconteça o que acontecer –concluiu– o Senhor está sempre ao nosso lado. A maior injustiça que podemos fazer com Ele é duvidar de sua misericórdia, como Judas".

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