Vaticano, Apr 6, 2012 / 20:08 pm
O Papa Bento XVI enfocou suas palavras conclusivas no final da Via Sacra celebrada esta noite no Coliseu romano por ocasião da Sexta-feira Santa, na importância da família e da esperança que a paixão de Cristo traz para elas.
Para esta Semana Santa 2012, o Santo Padre solicitou a elaboração das meditações para as 14 estações da Via Sacra a um casal de esposos, Danilo e Anna Maria Zanzucchi, membros do Movimento dos Focolares e fundadores do movimento "Famílias Novas".
A seguir o texto completo da meditação pronunciada pelo Papa Bento XVI ao final da Via Sacra.
Queridos irmãos e irmãs!
Acabamos de recordar, através das meditações, da oração e dos cânticos, os passos de Jesus no caminho da Cruz: um caminho que parecia sem saída e, no entanto, mudou a vida e a história do homem, abrindo a passagem para «os novos céus e a terra nova» (cf. Ap 21, 1). De modo especial neste dia de Sexta-Feira Santa, a Igreja celebra, com profunda adesão espiritual, a memória da crucifixão do Filho de Deus e, na sua Cruz, vê a árvore da vida – árvore fecunda duma nova esperança.
A experiência do sofrimento marca a humanidade e, naturalmente, a família. Quantas vezes o caminho se torna cansativo e difícil! Incompreensões, divisões, preocupação com o futuro dos filhos, doenças, incômodos de vários tipos. Para além disso, a situação de muitas famílias vê-se agravada, hoje em dia, pela precariedade do emprego e outras consequências negativas provocadas pela crise econômica. O caminho da Via-Sacra, que acabamos de percorrer espiritualmente nesta noite, é um convite feito a todos nós, e de modo especial às famílias, para contemplarmos Cristo crucificado a fim de termos a força de ultrapassar as dificuldades. A Cruz de Jesus é o sinal supremo do amor de Deus por cada homem, a resposta superabundante à necessidade que toda a pessoa sente de ser amada. Quando passamos pela prova, quando as nossas famílias enfrentam o sofrimento, a tribulação, olhemos para a Cruz de Cristo! Nela encontraremos a coragem para prosseguir o caminho, podendo repetir, com firme esperança, estas palavras de São Paulo: «Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (…) Mas, em tudo isso, somos mais que vencedores graças Àquele que nos amou!» (Rm 8, 35.37).
Nas tribulações e dificuldades, não estamos sozinhos; não está sozinha a família: Jesus está presente com o seu amor, sustenta-a com a sua graça e dá-lhe a força para prosseguir, enfrentando os sacrifícios e superando qualquer obstáculo. E, quando os desvarios humanos e outras dificuldades põem em risco e ferem a unidade da nossa vida e da nossa família, é para o amor de Cristo que devemos voltar-nos. O mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo encoraja-nos a continuar com esperança. Se forem vividos com Cristo, com fé n’Ele, os dias de tribulação e de prova trazem já dentro de si a luz da ressurreição, a vida nova do mundo ressuscitado, a páscoa de todo o homem que crê na sua Palavra.
Naquele Homem crucificado que é o Filho de Deus, mesmo a própria morte ganha novo significado e orientação, é resgatada e vencida, torna-se passagem para a nova vida: «Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, continua só um grão de trigo; mas, se morrer, então produz muito fruto» (Jo 12, 24). Confiemo-nos à Mãe de Cristo. Ela que acompanhou o seu Filho ao longo da via dolorosa, Ela que esteve aos pés da Cruz na hora da sua morte, Ela que encorajou a Igreja desde o seu nascimento a viver na presença do Senhor, conduza os nossos corações, os corações de todas as famílias, através do vasto mysterium passsionis rumo ao mysterium paschale, rumo à luz que irrompe da Ressurreição de Cristo e manifesta a vitória definitiva do amor, da alegria e da vida, sobre o mal, o sofrimento e a morte. Amém.
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