RIO DE JANEIRO, Jul 10, 2012 / 14:12 pm
A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro comunicou na manhã deste 10 de julho o falecimento de seu Arcebispo Emérito, o Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales, no final da noite da segunda-feira, 9, devido a um infarto sofrido em sua residência no Sumaré.
O corpo de Dom Eugenio chegará na Catedral de São Sebastião às 12h desta terça-feira, dia 10 de julho, onde, acontecerá o velório do cardeal, com missas de duas em duas horas. Na quarta-feira, dia 11 de julho, às 15h, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, presidirá a Missa Exequial seguida do sepultamento na cripta da mesma Catedral.
Dom Eugenio de Araujo Sales, o mais antigo Cardeal da Igreja Católica, era Cardeal Presbítero da Santa Igreja Romana, do Título de São Gregório VII. Seu lema, fundamentado na Carta de São Paulo aos Coríntios, foi: "Impendam et Superimpendar", tirado de 2Cor 12,15: "Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor".
Em artigo lançado na página da arquidiocese carioca, hoje, 10 de julho, o Arcebispo Dom Orani João Tempesta fala da vida e do legado do Cardeal Sales.
“O mais antigo cardeal da Santa Igreja morreu serenamente no final da noite de ontem, 9 de julho, celebração de Santa Paulina do Coração Agonizante, na Residência Episcopal de Nossa Senhora da Assunção, no Sumaré. Deixa-nos com os belos números de 91 anos de vida, 69 de sacerdócio, 58 de episcopado e 43 de cardinalato”, afirmou Dom Orani.
“Ordenado sacerdote em 21 de novembro de 1943, desenvolveu várias atividades pastorais, destacando-se pelo pioneirismo na ação social, valorizando a participação dos leigos que viam nele uma liderança natural”.
“Em 1954, Pio XII o nomeia bispo-auxiliar de Natal, sendo ordenado aos 15 de agosto deste ano, solenidade da Assunção de Nossa Senhora, por Dom José de Medeiros Delgado. Feito bispo, sua atividade se multiplica naquilo se costuma denominar Movimento de Natal, um formidável conjunto de iniciativas, em grande parte bem sucedidas, de promoção humana em todas as suas dimensões”, destacou também Dom Tempesta.
“Em 1964 é nomeado Administrador Apostólico da Arquidiocese de Salvador, deixando seu querido Rio Grande do Norte – a vida inteira se reconhecerá nordestino –, 4 anos depois (1968) se tornará Arcebispo-Primaz do Brasil, posição que deixará, caso raro, para assumir esta Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1971, já como Cardeal do Título Presbiteral de São Gregório VII, para o qual fora nomeado por Paulo VI em 1969”.
“A Dom Eugenio custava deixar Salvador, como foi difícil deixar Natal, mas, como dizia, estava sempre pronto para obedecer, e “obedecer com alegria” a voz do Sucessor de Pedro. Aliás, este foi um dos aspectos mais belos de sua personalidade: a fidelidade irrestrita ao Papa. O Cardeal tinha autêntica devoção ao Sumo Pontífice e foi universalmente reconhecido por isso. Amigo pessoal de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, sempre ouvimos de sua boca a convicção: seguir o Papa em suas mínimas orientações, pois é o melhor para a Igreja, para a diocese, para cada católico. Nesta defesa nunca temeu ser impopular”, sublinhou o Arcebispo do Rio.
“Muitas ações de Dom Eugenio foram consideradas fundamentais na vida da cidade do Rio de Janeiro, como foi o caso da Favela do Vidigal, cujos moradores não foram removidos graças à sua intervenção através da Pastoral das Favelas; a Pastoral do Menor, ambulatórios e abrigos para carentes, aidéticos… segundo a necessidade se apresentava. Enfim, uma ampla e silenciosa rede de assistência aos mais pobres que foi idealizada, levada a efeito e protegida por Dom Eugenio em seu longo governo de 30 anos em nossa Arquidiocese”.
“A vida do Sacerdote, Bispo e Cardeal Dom Eugenio de Araujo Sales bem pode ser sintetizada pelo lema episcopal que escolheu: Impendam et superimpendar. O texto é tirado de 2Cor 12,15: "Quanto a mim, de bom grado despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor. Será que, dedicando-vos mais amor, serei, por isto, menos amado?" Talvez não tenha sido por todos compreendido, sobretudo por quem dele tem um olhar superficial, mas não será esquecido nesta Arquidiocese e por tantos que sempre o chamarão de pai”, concluiu o artigo de Dom Orani.
Dom Eugenio que se caracterizou pelo seu amor e fidelidade ao Papa e à Igreja também foi homenageado pela CNBB no dia do seu falecimento que recorda um pouco da vida e do apostolado do purpurado brasileiro.
"Despedimos-nos de dom Eugênio com este sentimento que ele antevia em sua reflexão, isto é, com “presságio de transcendência”. Agradecemos a Deus pela sua caminhada cheia de frutos para a vida da Igreja e do povo e nos solidarizamos com seus familiares, especialmente com seu irmão dom Heitor Araújo Sales, arcebispo emérito de Natal, com a arquidiocese do Rio de Janeiro e com dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro. Nossa oração nos consola na certeza de sua páscoa e na esperança de que esse nosso irmão compartilhava da convicção que nos foi deixada pelo apóstolo de que a “a coroa da justiça” está reservada para ele pelo Senhor, o justo juiz, que dará essa coroa, “não somente a ele, “mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação”( 2 Tm 4,8)", afirma a nota assinada por Dom Leonardo Steiner, Secretário Executivo da CNBB.
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