23 de novembro de 2024 Doar
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Testamento de Dom Eugenio Sales: “Quero morrer sempre fiel ao Papa”

Foi sepultado nesta quarta-feira, dia 11 de julho, na catedral metropolitana do Rio de Janeiro o corpo do cardeal arcebispo emérito do Rio de Janeiro, o cardeal Eugenio de Araujo Sales. A santa missa de exéquias reuniu diversas autoridades civis e religiosas, e mais de cinco mil pessoas que, fervorosamente, rogaram a Deus pelo descanso eterno deste que era o cardeal mais antigo da Igreja Católica, que será lembrado pela sua fidelidade à Igreja e ao Papa.

A celebração, presidida pelo arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, foi concelebrada por 40 bispos e cardeais, entre eles o núncio apostólico para o Brasil Dom Giovanni d'Aniello, o presidente da CNBB Dom Raymundo Damasceno e o cardeal arcebispo emérito do Rio Dom Eusébio Oscar Sheid além de 250 sacerdotes e 43 diáconos de diversas dioceses do país que acompanharam os prelados na cerimônia.

A característica de dom Eugênio mais exaltada durante o rito litúrgico foi o seu amor a Igreja e sua obediência e fidelidade a Santa Sé na figura de Pedro e seus sucessores. Em mensagem destinada à arquidiocese, o Papa Bento XVI expressou seu profundo pesar pela perda do “intrépido e generoso pastor” que “buscou apontar (com sua vida) a verdade”. O santo padre declarou ainda que em dom Eugênio “encontramos um seguro ponto de obediência à Sé Apostólica”.

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone, também enviou uma mensagem de solidariedade aos fiéis brasileiros e parentes de dom Eugênio exaltando que o cardeal “sempre viveu em profunda união com o Santo Padre na vivência dos valores evangélicos”.
O núncio Dom Giovanni d'Aniello completou dizendo que as obras do cardeal ficarão como legado e testemunho do seu amor a Igreja.

Com o lema episcopal Impendam et Superimpendar (de bom grado me gastarei e me desgastarei em favor de vós), Dom Eugenio marcou a Igreja e o Brasil com suas obras em favor dos mais pobres. Segundo Dom Orani, a vivencia radical deste lema fez do cardeal “um pastor que cuidou do rebanho, enfrentou os lobos e se tornou um sinal não só para a Igreja, mas para toda a sociedade”.

Dom Orani destacou o jeito silencioso de agir de dom Eugenio que o levou a algumas incompreensões. Mas afirmou que sua “verdadeira coroa de glória foi sua profunda conformidade com Nosso Senhor Jesus Cristo”. “Somos testemunhas de que esse irmão guardou a fé até o fim dos seus dias. Dom Eugenio se consumiu por inteiro. Deu de muita boa vontade o que era seu”, disse o arcebispo.

Dom Eugênio morreu aos 91 anos na noite desta segunda-feira. Foi cardeal por 46 anos e durante seu episcopado ordenou cerca de 200 sacerdotes. Em sua homilia, Dom Orani leu o testamento espiritual do prelado, escrito no dia 7 de outubro de 2003. Nele, dom Eugenio declarou seu amor a Deus e a Igreja e afirmou: “Nunca me arrependi de ter feito a minha entrega.” E ainda, “quero morrer sempre fiel ao papa.”

Seguindo o rito, o corpo de dom Eugênio foi conduzido ao som de cânticos e orações até a cripta que fica no subsolo da catedral metropolitana. Com o barrete, chapéu utilizado pelos cardeais, em cima do caixão, o corpo do prelado foi acompanhado com salvas de palmas dos fiéis. Cercado por seu irmão, sobrinhos e funcionários que conviveram com ele nos seus últimos dias, o corpo foi depositado no túmulo ao cântico da Salve Regina. A lápide do cardeal fica próxima a dos bispos Dom Nabal Setencel, Dom João D'Avila, Dom Romeu Brigenti e de Dom João Esbeard (o primeiro arcebispo do Rio).

Dom Eugênio foi velado desde a tarde de ontem na catedral onde foram celebradas 10 missas de corpo presente. Ontem, durante o horário do velório, todas as 262 igrejas da cidade tocaram seus sinos em homenagem ao cardeal.

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