HAVANA, Oct 11, 2012 / 09:27 am
O porta-voz do Movimento Cristão Liberação (MCL), Carlos Payá, exigiu ao governo da Espanha "fazer tudo" para esclarecer a morte de seu irmão Oswaldo Payá, pois se trata de um cidadão espanhol, por dupla nacionalidade, que faleceu dentro de Cuba em circunstâncias que não foram investigadas.
"Cuba é uma ditadura, mas a Espanha é um estado de direito e quando um cidadão espanhol (Oswaldo o era) morre em circunstâncias confusas, seu país deve fazer tudo para esclarecer sua morte", expressou em 8 de outubro na conta do Facebook do MCL.
Em declarações ao grupo ACI, Carlos Payá disse que há três anos o fundador do MCL contava com as duas nacionalidades, portanto "a Espanha pode fazer o que deve fazer qualquer país quando seu cidadão morre em circunstâncias confusas em outro país".
"Não pedimos compaixão nem pena ou lástima. Exigimos JUSTIÇA e que acabe o silêncio. Aos que conspiraram para matar a Oswaldo e Harold (Cepero) somam-se agora os que pactuam para ocultar a verdade, apesar de que saibam o que aconteceu", acrescentou no Facebook.
As declarações de Carlos Payá foram feitas depois do julgamento que o Governo cubano fez ao espanhol Ángel Carromero no dia 5 de outubro, acusado de provocar o "acidente" automobilístico que ocasionou a morte do líder católico e de Cepero em 22 de julho.
A versão oficial do acidente é rechaçada pela família de Payá, que afirma ter informação de que o automóvel em que viajavam os dissidentes, junto com Carromero e o sueco Aron Modig, foi empurrado várias vezes por um veículo vermelho até ser tirado da estrada Las Tunas-Bayamo.
O porta-voz do MCL qualificou de "farsa" o julgamento organizado pelo Governo comunista, que impediu que os três filhos de Payá – Rosa María, Oswaldo e Reinaldo -, presenciem o ato realizado em Bayamo e os manteve durante horas rodeados por agentes de Segurança do Estado.
Do mesmo modo, denunciou que no dia anterior, o regime de Raúl Castro deteve 28 membros do MCL. Embora todos tenham sido liberados logo depois de algumas horas, um caso especial foi o de Ezequiel Morais, que "recebeu um golpe dos policiais quando disse que Oswaldo e Harold tinham sido assassinados".
Por isso, Carlos Payá criticou ao cônsul geral da Espanha em Cuba, Tomás Rodríguez Pantoja, que qualificou de "correto", "limpo" e "processualmente impecável" o julgamento de Carromero.
Não seria a primeira vez que a Espanha intervenha a favor da dissidência em Cuba. Em 2010 aceitou receber a dezenas de opositores que foram libertados graças ao diálogo estabelecido entre o Governo comunista e a Igreja católica, representada pelo Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega.
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