ROMA, Oct 31, 2012 / 15:10 pm
O Bispo de Hong Kong (China), Cardeal John Tong, disse que a proposta do Cardeal Fernando Filoni de instituir uma Comissão de alto nível entre o país asiático e a Santa Sé para enfrentar questões ainda sem resolver sobre a vida dos católicos chineses representa "uma grande esperança para o futuro".
O Cardeal chinês, que participou como Presidente delegado da Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, disse à agência Fides que reza para que a China receba como "gesto amistoso" as considerações expostas pelo Cardeal Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos em um artigo publicado no "Tripod", o jornal trimestral católico da diocese de Hong Kong.
No texto, o Cardeal Filoni considera os acontecimentos do catolicismo chinês cinco anos depois da carta dirigida pelo Papa Bento XVI à Igreja na China em 2007, sugerindo entre outras coisas, a busca de "uma nova forma de diálogo" entre o Vaticano e Pequim, citando como referência anterior às comissões bilaterais existentes entre a China popular e Taiwán e a estabelecida entre a Santa Sé e o Vietnã.
Também de acordo com o Cardeal Tong "o diálogo é necessário, porque sem ele não se pode tratar de resolver nenhum dos problemas ainda abertos, enquanto que através do diálogo podem desvanecer-se mal entendidos e conceitos errôneos".
O Bispo de Hong Kong pôs como exemplo o caso das ordenações episcopais ilegítimas impostas à Igreja na China. "Nossa perturbação ante estes fatos", indicou, "surge do fato de que estas ordenações ferem à Igreja em um aspecto substancial da sua própria natureza. Com o diálogo se pode pensar sobre o fato de que os Bispos não são funcionários políticos".
"Também para ser sacerdotes são necessários os requisitos adequados em matéria de doutrina, moral, pastoral e humana. E isto é ainda mais exigente para a seleção dos Bispos", expressou o Cardeal.
O Cardeal Tong assinalou que o Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos destaca com força persuasiva em seu artigo os efeitos positivos que a liberdade de fé e de pertença à Igreja pode projetar também sobre o terreno da convivência civil. "Existe uma consonância potencial", assinalou o Bispo chinês, "entre ser bom católico e ser um bom cidadão".
"Nossas tradições milenarias apoiadas no pensamento confuciano empurram o indivíduo a corrigir-se para viver em harmonia e respeito para com a própria família, a sociedade e o mundo inteiro. Agora, o seguimento de Jesus produz precisamente estes efeitos, nos liberando do egoísmo e do materialismo e nos levando a amar ao nosso próximo", afirmou.
Acrescentou que "o governo poderia reconhecer e apreciar isto: se se permite à Igreja que os fiéis cresçam em liberdade para que possam ser realmente bons católicos, também a sociedade se beneficiará".
O Cardeal Tong recordou que os novos instrumentos de diálogo mencionados pelo Cardeal Filoni em seu artigo, como as comissões bilaterais de alto nível, "já existem entre a China popular e Taiwán, assim como entre o Vietnã e a Santa Sé. São precedentes eloquentes e confirmam que se pode criar um instrumento de contato similar entre a Santa Sé e a China popular".
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