23 de novembro de 2024 Doar
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É urgente o diálogo entre a ciência e a fé, assegura o Papa Bento XVI

O Papa Bento XVI afirmou nesta manhã que está convencido de que é urgente o diálogo e cooperação entre os mundos da ciência e da fé para construir uma cultura que respeite ao ser humano.

Assim o indicou em seu discurso aos participantes da sessão plenária da Academia Pontifícia das Ciências, que teve como tema "Complexidade e Analogia nas Ciências: Aspetos teóricos, metodológicos e epistemológicos".

O Santo Padre disse que "na grande empresa humana da luta para descobrir os mistérios do homem e do universo, estou convencido da necessidade urgente de um diálogo e cooperação permanentes entre os mundos da ciência e da fé, para construir uma cultura de respeito pelo homem, pela dignidade humana e pela liberdade, a bem do futuro da nossa família humana e para um desenvolvimento sustentável, a longo prazo, do nosso planeta".

"Sem esta interação necessária, as grandes perguntas da humanidade deixam os domínios da razão e da verdade, e se abandonam ao irracional, ao mito, ou à indiferença, com grande prejuízo para a humanidade, para a paz mundial e para o nosso destino final", disse o Papa.

O Pontífice ressaltou logo que "em vossas discussões quisestes examinar, por um lado, a dialética contínua da constante expansão da investigação científica, dos métodos e das especializações e, por outro, a busca de uma visão integral deste universo no qual os seres humanos dotados de inteligência e liberdade, estão chamados a compreender, amar, viver e trabalhar".

"Tal abordagem interdisciplinar da complexidade mostra também que as ciências não são mundos intelectuais desligados uns dos outros, pelo contrário, que estão interligadas entre si e vocacionadas ao estudo da natureza como uma realidade unificada, inteligível e harmoniosa na sua inegável complexidade".

Essa visão, prosseguiu o Papa, "tem frutíferos pontos de contato com a visão do universo adotada pela Filosofia e pela Teologia cristãs com sua noção do ser participado, na que cada criatura individual, proprietária de uma perfeição própria, participa também de uma natureza específica e isto, dentro de um cosmos ordenado originado pela Palavra criadora de Deus".

"É precisamente esta união de organização da natureza ‘lógica’ e ‘analógica’ que promove a investigação científica e leva a mente humana a descobrir a co-participação horizontal entre os seres e a participação transcendental do Primeiro Ser".

O universo, sublinhou o Santo Padre, "o universo não é um caos ou o resultado do caos. Pelo contrário, ele aparece cada vez mais claramente como uma complexidade ordenada que nos permite, através da análise comparativa e da analogia, passar da especialização para um ponto de vista mais universal e vice-versa".

"Embora os primeiros momentos do cosmos e da vida ainda escapem à observação científica, a ciência está refletindo sobre um amplo conjunto de processos que revelam uma ordem evidente de correspondências e constantes que servem como componentes essenciais da criação permanente".

Na parte final de seu discurso, Bento XVI recordou que a Igreja está celebrando o Ano da Fé no 50º aniversário do Concílio Vaticano II e agradeceu "a específica contribuição da Academia para fortalecer a relação entre fé e razão".

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