23 de novembro de 2024 Doar
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Papa pede que clérigos que visitem ou trabalhem no Vaticano usem as vestimentas próprias do seu estado

O Cardeal Tarcisio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, por pedido do Papa Bento XVI, ordenou aos bispos, sacerdotes e religiosos na Cúria Romana vestir-se adequadamente com o hábito talar ou "clergyman" próprios do seu estado de acordo à disciplina da Igreja.

Através de uma circular assinada pelo Cardeal Bertone com data de 15 de outubro de 2012, dirigida aos chefes dos dicastérios, tribunais e escritórios da Santa Sé e do vicariato de Roma, a partir de agora para monsenhores e sacerdotes, será obrigatório vestir-se com o hábito talar ou "clergyman". Deste modo e sob as mesmas disposições, os religiosos também deverão vestir o hábito específico.

O vaticanista italiano Sandro Magister divulgou o texto que assinala que nas cerimônias com a presença da Papa –assim como nas assembleias plenárias e ordinárias, as reuniões entre dicastérios, a acolhida das Visitas "ad limina", ou as distintas convocatórias oficiais da Santa Sé–, o clero do Vaticano deverá usar o "hábito ordinário". Quer dizer: hábito talar para os sacerdotes; hábito talar próprio para os monsenhores, bispos e cardeais.

A respeito deste fato, outro vaticanista italiano, Andrea Tornielli, sugere que a mensagem desta circular é para toda a Igreja.

Em sua opinião, embora a circular se dirija a quem trabalha no Vaticano, a mensagem vai além das suas paredes dado que "é muito estranho que os sacerdotes no Palácio Apostólico não se vistam como sacerdotes".

"O chamado aos sacerdotes a seguir melhor a norma e estar impecáveis se orienta a ser um claro exemplo para aqueles que vêm de fora ao Vaticano ou simplesmente estão passando por Roma", assinala Tornielli.

A circular que leva a assinatura do Cardeal Bertone recorda uma carta análoga do Beato João Paulo II, assinada em 8 de setembro de 1982 pelo então Vigário Geral de Roma, Cardeal Ugo Poletti.

O valor do habito eclesiástico "contribui para o decoro do Sacerdote no seu comportamento externo ou no exercício do seu ministério, mas sobretudo porque evidencia na Comunidade eclesiástica o público testemunho que todos os Sacerdotes devem dar da própria identidade e especial pertença a Deus", dizia a carta do Beato João Paulo II.

João Paulo II precisa em seguida que "este sinal exprime concretamente o nosso ‘não ser do mundo’" como diz o Evangelho de São João no capítulo 14.

No meio do mundo atual, dizia o Papa peregrino, "o hábito eclesiástico, como o religioso, tem um particular significado: para o sacerdote diocesano ele tem principalmente o caráter de sinal, que o distingue do ambiente secular em que vive; para o religioso e para a religiosa ele exprime também o caráter de consagração e põe em evidência o fim escatológico da vida religiosa".

"Por meio desse sinal, torna-se aos outros mais fácil chegar ao Mistério, de que somos portadores, Àquele a quem pertencemos e que com todo o nosso ser queremos anunciar".

O Papa Wojtyla ressaltava na carta que não ignora as motivações contrárias ao uso do hábito eclesiástico, mas que confrontadas "objetiva e serenamente com o sentido religioso e com as expectativas da maior parte do Povo de Deus, e com o resultado positivo do corajoso testemunho também do hábito, mostram-se muito mais de caráter humano que eclesiológico".

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