ROMA, Mar 16, 2005 / 01:48 am
O Arcebispo da Génova, Cardeal Tarcisio Bertone, descartou que a Igreja tenha empreendido "cruzada" alguma contra o livro O Código Dá Vinci em que pese a que o texto procura “desacreditar à Igreja e sua história através de manipulações grosseiras e absurdas” que não têm nenhum fundamento.
Em declarações a Rádio Vaticano e no marco da conferência organizada pelo Escritório para a Cultura e a Universidade da Arquidiocese de Génova titulada “O Código Dá Vinci…historia sem história”, o Cardeal comparou o livro de Dan Brown com “os velhos panfletos anticlericais do século XIX”.
Nos últimos dias vários meios seculares difundem como “notícia” que a Igreja iniciou “uma cruzada” contra dito livro. Entretanto, o Cardeal Bertone esclareceu que a conferência em questão, a cargo do Massimo Introvigne, fundador e diretor do Centro de Estudos sobre as Novas Religiões (CESNUR); busca uma confrontação “aberta e decidida” entre a ficção do livro e a realidade da história.
O Arcebispo assinalou que, como pastor, tem “a responsabilidade de esclarecer coisas para desmascarar as mentiras trocas contidas em livros” como O Código Dá Vinci e acrescentou que o risco é que muitas pessoas que não têm formação sólida podem acreditar que “esses contos de fadas são reais”.
“Demo-nos conta da difusão deste livro nas escolas e, pelo mesmo, tomamos medidas de reflexão e de confrontação pública também, aberta e decidida”, assinalou.
O Cardeal recordou que muitas das tese que apresenta este livro não são novas, como aquela que sustenta que a Igreja procura desterrar o protagonismo da mulher. “Não há nada mais falso. Nos Evangelhos, como sabemos, tem um lugar predominante Nossa Senhora, a figura feminina por excelência, a Mãe do Jesus”, esclareceu.
Depois de enfatizar que o texto de Dan Brown está “cheio de mentiras fabricadas”, o Cardeal Bertone explicou que é um engano acreditar que ao lê-lo-se poderá “entender a dinâmica da história e todas as manipulações que, segundo o autor, a Igreja teria realizado no curso de sua história”.
Durante a entrevista, o Cardeal citou ao sociólogo americano Philip Jenkins, que explicou que o alto volume de vendas do livro também prova que o anticatolicismo é o último grande prejuízo aceitável.
O Cardeal assinalou que a muitos incomodou que “a Igreja, com nosso Papa João Paulo II” tenha “impactado de maneira excepcional a atual humanidade”. Entretanto, esclareceu que “não se pode fazer uma novela” mesclando dados históricos, “ou amaldiçoando ou difamando a uma pessoa histórica que tem seu prestígio e sua fama justamente na história da Igreja, na história da humanidade”.
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