SÃO PAULO, Mar 17, 2005 / 16:07 pm
Pelo menos 50% do investimento que o Ministério da Saúde faz na compra de preservativos poderia ser destinado para a elaboração de uma política de educação sexual que inclua valores éticos e morais, como a abstinência sexual dos adolescentes até o casamento.
Esta foi a contra-proposta do Bispo emérito de Jundiaí (interior de SP), Dom Amaury Castanho, ao projeto do governo federal de implantar a educação sexual nas escolas a partir dos dez anos.
A sua proposta, apoiada por organizações da Igreja e pró-vidas, prevê que do ponto de vista educativo, a abstinência sexual é mais eficaz para evitar as DSTs (doenças sexualmente transmissíveis), a gravidez e os abortos na adolescência. Para Dom Castanho, "[A abstinência] é mais positiva do que dizer transem à vontade, porém utilizem o preservativo" declarou.
Em reportagem publicada pela Folha de São Paulo, a médica Alice Teixeira, da comissão de bioética da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), assinalou que concorda com Castanho e apóia a idéia da abstinência. "O que uma criança de dez anos vai entender de sexo? é antinatural." Para ela, as gravidezes precoces nessa faixa etária são, em geral, fruto de violência sexual.
O presidente da Associação Provida, professor Humberto Leal Vieira, que também é membro vitalício da Pontifícia Academia para a Vida do Vaticano, avaliou o projeto do governo como um "absurdo" que vai provocar um aumento das doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez na adolescência. "Será um desastre. A sociedade tem que impedir que isso aconteça. Essa decisão tira dos pais o poder de dar aos filhos a educação sexual em que acreditam, na hora certa", afirmou.
A proposta da abstinência sexual foi feita por Dom Castanho diretamente ao ministro Humberto Costa, durante um debate sobre aborto e célula-tronco, realizado pela Folha no último dia 7.
Diante do Argumento de Costa de que a abstinência como forma de evitar a Aids ou de prevenir a gravidez precoce não tem sido um instrumento eficaz em outros países, o procurador Paulo Leão, presidente da União dos Juristas Católicos, discordou argumentando que o combate à Aids em Uganda (áfrica), que chegou a ter 20% da população contaminada pelo vírus HIV e que agora baixou para 6%, é fundamentado na abstinência sexual. "Se o sexo é colocado como comer pipoca, é claro que vai ser tudo banalizado", afirma.
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