23 de novembro de 2024 Doar
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Último ângelus de Bento XVI: servirei a Igreja com o mesmo amor e dedicação de sempre

No marco do segundo domingo da Quaresma, e em seu último ângelus como Sumo Pontífice Bento XVI fez um chamado à primazia da oração na vida cristã, e partilhou que, agora, mediante uma vida de oração “não abandono a Igreja, pelo contrário. Continuarei a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor”.

A Praça S. Pedro, informou a Rádio Vaticano, estava repleta neste domingo para este evento histórico. Faixas e cartazes em várias línguas demonstraram o carinho dos fiéis. A Praça se enchia desde as primeiras horas da manhã aos poucos foi sendo tomada por religiosas, sacerdotes, turistas, mas principalmente por famílias com crianças e muitos jovens.

Ao meio-dia, assim que a cortina da janela de seus aposentos se abriu, Bento XVI foi aclamado pela multidão.

Em sua catequese o Papa iniciou a meditação ressaltando que “no segundo domingo da Quaresma, a liturgia nos apresenta sempre o Evangelho da Transfiguração do Senhor”.

“O evangelista Lucas coloca especial atenção para o fato de que Jesus foi transfigurado enquanto orava: a sua é uma profunda experiência de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive em uma alta montanha na companhia de Pedro, Tiago e João.

“O Senhor, que pouco antes havia predito sua morte e ressurreição (9:22), oferece a seus discípulos antes da sua glória. E mesmo na Transfiguração, como no batismo, ouvimos a voz do Pai Celestial, "Este é o meu Filho, o Eleito ouvi-lo" (9:35). A presença de Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas da Antiga Aliança, é muito significativa: toda a história da Aliança está focada Nele, o Cristo, que faz um "êxodo" novo (9:31) , não para a terra prometida, como no tempo de Moisés, mas para o céu”, explicitou o Papa.

Meditando sobre a atitude do Apóstolo Pedro que queria continuar no Tabor, prolongando a experiência de comunhão com o Senhor, o Papa afirmou que da Transfiguração do Senhor “podemos tirar um ensinamento muito importante. Primeiro, o primado da oração, sem a qual todo o trabalho de apostolado e de caridade é reduzido ao ativismo. Na Quaresma, aprendemos a dar bom tempo para a oração, pessoal e comunitária, o que dá ânimo à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é isolar-se do mundo e suas contradições, como no Tabor desejava Pedro, mas a oração reconduz ao caminho, à ação. "A vida cristã - Eu escrevi na Mensagem para a Quaresma - consiste em uma subida contínua da montanha para encontrar-se com Deus, antes de cair de volta trazendo o amor e o poder dele derivado, a fim de servir os nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus "

Partilhando sobre seu retiro a uma vida dedicada à oração e reflexão, que terá início após sua renúncia que será efetiva dentro de 3 dias, o Papa afirmou que “o Senhor me chama a "subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário, se Deus me pede isso é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças”.

Na saudação em várias línguas, Bento XVI falou também em português: “Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos”.

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