23 de dezembro de 2024 Doar
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Jornalista católico amigo do Papa: Ele alenta os leigos a fazerem apostolado

Papa Francisco

O Papa Francisco "sempre falou com o Evangelho na mão" e alenta os leigos a que saiam às ruas para pregar, a não ficar somente "na Missa e nas sacristias", opina o emblemático jornalista argentino Miguel Woites, que a seus 84 anos dirige –há quase 50– a Agência Informativa Católica Argentina (AICA).

Woites, amigo do Papa, pai de 5 filhos, avô de 27 netos e bisavô de 7 pequenos, traçou um interessante perfil do Francisco e disse ao grupo ACI que "ele às vezes aparecia em um lugar onde ninguém o esperava, ia a uma paróquia tocava a campainha, abriam a porta e era o Cardeal Bergoglio".

O emblemático homem de imprensa, que em 1986 recebeu a distinção Pontifícia de Cavalheiro Comendador de São Gregório Magno na ordem civil, comentou que quando se soube da eleição de Francisco na Argentina, as pessoas "gritavam, pulavam como se estivessem na Praça São Pedro, os sinos de várias Igrejas soavam ao uníssono, foi uma alegria geral".

"Foi surpreendente porque não esperávamos, a maioria das pessoas não pensava que ia ser ele, nós inclusive estávamos preparados com informações sobre personalidades de candidatos, mas dele não".

Para Woites, o Papa "é uma pessoa humilde, um sacerdote cabal, fiel a seu princípio de sacerdote jesuíta de muito boa doutrina, amigo do povo simples e pobre, tem um carinho especial pelas crianças e idosos, que são as pessoas mais frágeis da sociedade".

"Sempre lutou pelas crianças e pelos pobres e recentemente pelos moradores de favela, onde realmente há muita miséria não só física, como também moral", assegurou Woites, e disse que Francisco "nunca esteve dizendo palavras que as pessoas não possam entender, é direto, mas sempre fala com humildade, sem altivez, sem atacar ninguém, sem machucar ninguém".

Miguel Woites acrescentou que o Papa sempre foi um defensor das mulheres, ao contrário do que já foi dito sobre ele.

Sobre seu austero estilo de vida,  explicou que "seu quarto tem uma cama, uma mesinha, muito singela, muito simples e nada mais".

"Aqui, para ir a qualquer paróquia ele não tinha motorista nem carro, pegava metrô ou ônibus, não viajava em outra coisa além destes meios, se sentava como qualquer cidadão e se alguém se sentasse do seu lado conversava como se fosse mais um do povo", comentou Woites.

Também recordou que a cerimônia na Catedral quando assumiu como Arcebispo de Buenos Aires, foi toda "uma coisa muito simples, foi como normalmente se faz, mas quando terminou tudo, tirou a vestimenta, passou entre as pessoas e foi embora, não queria que ninguém começasse a beijar suas mãos. Sempre era igual, quando ia a Roma aos Sínodos ou ao que for, terminava a celebração, colocava seu sobretudo preto e escapava".

"Uma vez –contou– havia um Bispo que jantava com ele e perguntei-lhe o que comia o Cardeal, e respondeu que ele come quatro legumes ou alguma coisa do tipo e vai embora. Assim, até nisso era muito sóbrio".

"Eu acho que ele vai ser um Papa pastoral, não digo que não seja um intelectual, é obvio que é, mas não como o Papa que acaba de renunciar nem tampouco multitudinário como era João Paulo II, penso que vai dar muita importância ao trabalho com as pessoas humildes, tem esse carinho especial pelas pessoas simples, humildes e pobres", enfatizou.

Depois de recordar que sempre pediu que rezem por ele, Woites indicou ao grupo ACI que o Papa sempre esteve "muito preocupado pela situação social do nosso país. Solucionar o problema está em mãos dos que tem o poder e ele quanto a isso do poder, nunca quis demonstrá-lo ou pelo menos, adotar posições de força".

"Falou sempre com altura e do ponto de vista do Evangelho, não encarou, não enfrentou ninguém embora o tenham acusado algumas vezes de estar contra tal ou qual coisa, não é assim, ele sempre falou com o Evangelho na mão", expressou Woites.

O antes Cardeal Bergoglio "falou com mais força" quando o governador de Buenos Aires apoiou o aborto e o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. "Deu um giro notável no seu trabalho na Arquidiocese e como Papa acho que vai ser o mesmo, não o vejo mudar, não vejo que mude".

Woites sublinhou que o Papa "confiava muito em nós leigos, além disso, ele pede aos leigos que também tomem o trabalho da Igreja, que saiam às ruas que preguem e que falem, que não fiquem somente na Missa e na Sacristia".

Recordou também que o Papa, quando ainda não era Bispo, foi operado do pulmão e retiraram a parte superior de um deles, e poderia dizer-se que "tem um pulmão e meio".

Sobre seus encontros, Miguel Woites recordou que "quando eu tinha um problema aqui na agência, ele me escutava e sempre confiou em nós".

Woites recordou também que o próprio Papa Francisco se ofereceu para presidir a Missa das suas Bodas de Ouro matrimoniais e "agora que faço 60 anos de casado não acredito que venha como Papa".

"Eu gosto muito dele e ele de mim", concluiu.

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