VATICANO, Jun 14, 2013 / 14:36 pm
O Papa Francisco recebeu nesta manhã no Vaticano o líder máximo da igreja Anglicana, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, com as mesmas palavras com que Paulo VI acolheu o seu antecessor, Michael Ramsey, durante sua histórica visita ao Vaticano em 1966: "os seus passos não chegam a uma casa estrangeira (…) Temos a satisfação de abrir-lhe as portas e, com elas, o nosso coração, porque nós estamos felizes e honrados (...) em acolhê-lo "não como hóspede e estrangeiro, mas como concidadão dos Santos e da Família de Deus".
O Papa sublinhou que o encontro de hoje é uma ocasião para recordar-nos que o compromisso da unidade entre os cristãos "não deriva de razões de ordem prática, mas da vontade do próprio Senhor Jesus Cristo, que nos fez irmãos seus e filhos únicos do Pai. Por isto a oração, que hoje elevamos juntos, é de fundamental importância".
A oração acentuará o compromisso para a unidade que se expressará na colaboração em diversos âmbitos da vida diária como "o testemunho do referimento a Deus e da promoção dos valores cristãos, diante de uma sociedade que parece às vezes colocar em discussão algumas das bases próprias da convivência, aquelas do respeito para com a sacralidade da vida humana, ou a solidez da instituição da família fundada no matrimônio".
E também o compromisso por "uma maior justiça social, por um sistema econômico que se coloque a serviço do homem e a favor do bem comum. Entre as nossas tarefas, aqueles testemunhos do amor de Cristo, aquele de dar voz ao grito dos pobres, a fim de que não sejam abandonados às leis de uma economia que parece às vezes considerar o homem só como consumidor".
Também recordou que na cerimônia de tomada de posse na catedral de Canterbury, o arcebispo rezou pelo novo Bispo de Roma, um gesto que o Papa agradeceu-lhe profundamente: "tendo iniciado os nossos respectivos ministérios com poucos dias de distância um do outro, teremos sempre um motivo particular para nos apoiarmos com a oração.".
"A história das relações entre a Igreja da Inglaterra e a Igreja de Roma é longa e complexa, não privada de momentos dolorosos. Nas últimas décadas, todavia, foram caracterizadas por um caminho de aproximação e de fraternidade, pelo qual devemos agradecer sinceramente a Deus".
Desse caminho formam parte o diálogo teológico, graças aos trabalhos da comissão internacional anglicana-católica e as relações de convivência à insígnia do respeito mútuo e da colaboração.
"A solidez destas ligações permitiu manter a rota mesmo quando, no diálogo teológico, surgiram dificuldades maiores que aquelas que poderíamos imaginar no início do caminho", adicionou o Santo Padre.
Francisco manifestou ao arcebispo sua gratidão pelo esforço que a Igreja da Inglaterra tem feito para entender as razões que levaram Bento XVI a oferecer "uma estrutura canônica capaz de responder às perguntas daqueles grupos de anglicanos que pediram para ser recebidos, também corporativamente, na Igreja católica: estou certo de que isso permitirá melhor conhecer e apreciar no mundo católico as tradições espirituais, litúrgicas e pastorais que constituem o patrimônio anglicano".
"Sei que Vossa Graça é particularmente sensível a todas estas temáticas, nas quais partilhamos muitas ideias, assim como estou ciente dos seus esforços para favorecer a reconciliação e a resolução dos conflitos entre as nações. A este propósito, junto ao arcebispo Nichols, Vossa Graça solicitou às autoridades encontrar uma solução pacífica ao conflito na Síria, que garanta também a segurança de toda a população, inclusive as minorias, entre as quais estão as antigas comunidades cristãs locais".
O Papa disse logo que "como Vossa Graça mesmo evidenciou, nós cristãos levamos a paz e a graça como um tesouro a doar ao mundo, mas estes dons podem produzir frutos somente quando os cristãos vivem e trabalham juntos em harmonia. Será assim mais fácil contribuir para construir relações de respeito e pacífica convivência com quantos pertencem a outras tradições religiosas e também com os não crentes.".
"A unidade, a qual sinceramente desejamos, é um dom que vem do alto e que se funda na nossa comunhão de amor com o Pai, o Filho e o Espírito Santo... Possa o Pai misericordioso ouvir e responder as orações que dirigimos a Ele juntos".
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