MEXICO D.F., Aug 19, 2013 / 15:07 pm
Enrique Martínez Domínguez tem 71 anos de idade, quando ainda era jovem ingressou no seminário, mas por motivos de saúde deixou os estudos, conheceu a Guillermina com quem se casou e se dedicou ao "apostolado matrimonial". A dois anos da morte de sua esposa, foi ordenado sacerdote na Arquidiocese de Chihuahua no México em companhia de seus oito filhos e 18 netos.
O jornal El Heraldo de Chihuahua narrou a comovedora história de sua vocação. Graças à formação católica que recebeu de seus pais e sua aproximação à Igreja como coroinha, aos 17 anos Enrique ingressou no Seminário Arquidiocesano desta cidade. Entretanto teve que abandonar seus estudos por motivos de saúde.
Conseguiu um empréstimo para operar-se de uma mastoidite e sinusite que o tinham afetado. Ao terminar de pagá-lo decidiu reingressar ao Seminário, mas não foi possível continuar por uma série de sequelas que ficaram das doenças que tinha padecido.
Decidiu procurar emprego em uma mina de ferro e no povoado de Camargo conheceu Guillermina Amparán Rey. "Desde que a vi, me encantou", recorda.
Pouco depois a relação terminou e pela terceira vez tentou retornar ao seminário, mas foi rechaçado devido às sequelas das doenças. Pensando que Deus o chamava à vida matrimonial, retornou com Guillermina e se casaram em 14 de outubro de 1967 na Paróquia da Santa Rosalía em Camargo.
Enrique e "Guille", como a chamava, sempre viveram o apostolado em seu matrimônio, participando de iniciativas solidárias. Conseguiram fundar um jardim de crianças, uma escola primária e outra secundária, uma clínica e construíram uma capela.
Tiveram oito filhos: Francisco, Enrique, Celia, Isela, Roque, Marcos, Melina Rocio e Celina Patrícia. Seus netos têm entre 1 e 17 anos de idade. Apesar de que não contava com suficientes recursos econômicos, conseguiu que todos os seus filhos fossem à universidade.
Enrique sempre recebeu o apoio de Guille, que faleceu em 7 de fevereiro do 2011 vítima de câncer. Perdê-la foi um momento muito significativo. "Se vivemos em plena disponibilidade para Deus, a própria morte não é um desenlace trágico, mas é contemplar para onde vamos", assinala.
Diaconato permanente
Enrique recorda que um ano depois de seu matrimônio começou a escutar de diferentes pessoas sobre o diaconato permanente, preparou-se e foi ordenado diácono permanente em 8 de setembro de 1981 junto com o seu amigo Cornelio Corral. "Fomos os primeiros em Chihuahua (…) o que me deu a oportunidade de trabalhar em nome da Igreja, mas certamente apoiado por Guille minha esposa e meus 8 filhos".
À morte de Guillermina, Enrique pediu ao Arcebispo permanecer no diaconato permanente, mas vários sacerdotes lhe sugeriram a ideia de ordenar-se sacerdote.
"Ordenar a um diácono permanente como sacerdote não é ordinário, é uma exceção, porque nosso estatuto assenta que é diaconato até a morte, mas o Bispo pode ordenar algum excepcionalmente", explica.
Os diáconos permanentes podem ser casados ou celibatários. Os casados, ao ficarem viúvos e examinando cada caso em particular, com a anuência do Bispo, podem ser ordenados presbíteros. O Arcebispo Constancio Miranda submeteu a solicitude à Santa Sé que depois de um ano e meio lhe informou que podia proceder com a ordenação sacerdotal.
"Eu quis ser obediente a Deus, não escolher uma rota pessoal, mas sempre em resposta à diretriz de Deus, que sempre o senti perto. Este é o momento mais decisivo de minha vida. Vislumbro que estou na etapa final onde não existe temor nem nostalgia, por isso tenho que continuar fazendo a vontade de Deus", afirma.
A morte de Guille foi uma mudança forte em sua vida, "a dor da despedida foi recompensada com esta nova graça de parte de Deus", adiciona.
Na quinta-feira 15 de agosto, na Catedral de Chihuahua, Enrique Martínez foi ordenado sacerdote.
"Junto com meus irmãos estamos muito contentes por esta celebração que é a ordenação de nosso pai, entendendo o compromisso da educação que sempre nos proporcionou", disse um de seus filhos, Marco, primeiro capitão piloto aviador da Força Aérea Mexicana.
Destacou que seu pai e sua mãe foram um exemplo. O dia que informaram a Enrique que tinha sido autorizada a sua ordenação, falou por telefone com todos seus filhos. Sua filha Celia disse que a ordenação de seu pai como sacerdote é uma bênção de Deus, "é um presente para a diocese e a família".
Enrique celebrou sua primeira Missa no templo de Nossa Senhora de Guadalupe, na colônia Vila Nova de Chihuahua.
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