21 de novembro de 2024 Doar
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O Papa Francisco pede aos catequistas custodiar e alimentar a memória de Deus

Papa Francisco. | Grupo ACI

Ao presidir na manhã de ontem na Praça de São Pedro, para milhares de fiéis e peregrinos, a Missa com ocasião da Jornada dos Catequistas, o Papa Francisco lhes exortou a serem "homens e mulheres que custodiam e alimentam a memória de Deus na própria vida, e sabem despertar no coração de outros".

Com ocasião da jornada, catequistas de vários lugares do mundo peregrinaram ao Túmulo de Pedro, no marco do Ano da Fé.

O Santo Padre advertiu sobre o risco atual dos cristãos "de acomodar-se, da comodidade, da mundanidade na vida e no coração, de ter como centro o nosso bem-estar".

"É a mesma experiência do rico do Evangelho, que vestia roupas de luxo e todo dia dava banquetes abundantes; isto era importante para ele. E o pobre que estava à sua porta e não tinha de que se alimentar? Não era tarefa sua, não o olhava".

O Papa assinalou que "se as coisas, o dinheiro, a mundanidade transformam-se no centro da vida, apoderam-nos, nos possuem e nós perdemos a nossa própria identidade de homens: vejam bem, o rico do Evangelho não tem nome, é simplesmente ‘um rico’. As coisas, aquilo que possui são a sua face, não há outro".

"Como isto acontece? Como os homens, talvez também nós, caímos no perigo de fechar-nos, de colocar a nossa segurança nas coisas, que no fim roubam-nos a face, a nossa face humana? Isto acontece quando perdemos a memória de Deus".

"‘Ai daqueles que vivem comodamente em Sião’, dizia o profeta. Se falta a memória de Deus, tudo se nivela, tudo se nivela ao ‘eu’, sobre o meu bem-estar".

Francisco indicou que se falta a memória de Deus, "a vida, o mundo, os outros, perdem a consistência, não contam mais nada, tudo se reduz a uma só dimensão: o ter".

O Santo Padre advertiu que "se perdemos a memória de Deus, também nós perdemos a consistência, também nós nos esvaziamos, perdemos a nossa face como o rico do Evangelho! Quem corre atrás do nada se torna ele mesmo nulidade – diz um outro grande profeta, Jeremias. Nós somos feitos à imagem e semelhança de Deus, não à imagem e semelhança das coisas, dos ídolos!".

"Então, olhando-vos, pergunto-me: quem é o catequista? É aquele que protege e alimenta a memória de Deus; protege-a em si mesmo e a desperta nos outros".

O Papa assinalou "é bonito isto: fazer memória de Deus, como a Virgem Maria que, diante da ação maravilhosa de Deus em sua vida, não pensa na honra, no prestígio, nas riquezas, não se fecha em si mesma".

"Pelo contrário, depois de ter acolhido o anúncio do Anjo e ter concebido o Filho de Deus, o que faz? Parte, vai até a anciã parente Isabel, também esta grávida, para ajudá-la; e no encontro com ela? seu primeiro ato é a memória do agir de Deus, da fidelidade de Deus na sua vida, na história do seu povo, na nossa história: ‘A minha alma glorifica o Senhor…porque olhou para a humildade da sua serva…de geração em geração a sua misericórdia’".

Francisco destacou que "Maria tem memória de Deus".

"Neste cântico de Maria há também a memória da sua história pessoal, a história de Deus com ela, a sua própria experiência de fé. E é assim para cada um de nós, para cada cristão: a fé contém propriamente a memória da história de Deus conosco, a memória do encontro com Deus que se move primeiro, que cria e salva, que nos transforma".

O Papa remarcou que "a fé é memória da sua Palavra que aquece o coração, das suas ações de salvação com a qual nos doa a vida, nos purifica, nos cura, nos alimenta".

"O catequista é propriamente um cristão que coloca esta memória a serviço do anúncio; não para fazer-se ver, não para falar de si, mas para falar de Deus, do seu amor, da sua fidelidade. Falar e transmitir tudo aquilo que Deus revelou, isso é a doutrina em sua totalidade, sem cortar ou acrescentar".

O catequista, destacou o Papa, "é um cristão que leva em si a memória de Deus, deixa-se guiar pela memória de Deus em toda a sua vida, e sabe despertá-la no coração dos outros. Isto requer esforço! Compromete toda a vida!".

"O próprio Catecismo o que é senão a memória de Deus, memória da sua ação na história, do seu fazer-se próximo a nós em Cristo, presente na sua Palavra, nos Sacramentos, na sua Igreja, no seu amor?".

"Queridos catequistas, pergunto a vocês: somos nós a memória de Deus? Somos verdadeiramente como sentinelas que despertam nos outros a memória de Deus, que aquece o coração?".

O Santo Padre lhes perguntou também "Qual caminho percorrer para não ser pessoas ‘superficiais’, que colocam a sua segurança em si mesmo e nas coisas, mas homens e mulheres da memória de Deus? Na Segunda Leitura, São Paulo, escrevendo sempre a Timóteo, dá algumas indicações que podem sinalizar também o caminho do catequista, o nosso caminho: tender à justiça, à piedade, à fé, à caridade, à paciência, à mansidão".

"O catequista é homem da memória de Deus se tem uma constante, vital relação com Ele e com o próximo; se é homem de fé, que confia verdadeiramente em Deus e coloca Nele a sua segurança; se é homem de caridade, de amor, que vê todos como irmãos; se é homem de ‘hypomoné’, de paciência, de perseverança, que sabe enfrentar as dificuldades, as provações, os insucessos, com serenidade e esperança no Senhor; se é homem brando, capaz de compreensão e misericórdia".

"Rezemos ao Senhor para que sejamos todos homens e mulheres que protegem e alimentam a memória de Deus na própria vida e sabem despertá-la no coração dos outros. Amém", concluiu.

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