24 de novembro de 2024 Doar
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Evangelização da Coréia do Norte e China: Desafio da Igreja para o terceiro milênio

Thomas Hong-Soon Han. | http://www.rns-italia.it/news/Sturzo/SabatoMattina03.htm

O ex-embaixador da Coréia do Sul ante a Santa Sé, Thomas Hong-Soon Han, um dos primeiros membros do Pontifício Conselho para os Leigos, considera que o maior desafio da Igreja Católica para o terceiro milênio é a evangelização da Ásia, especialmente da China e Coréia do Norte.

"Agora o desafio da Igreja Católica é que deve estar preparada para a Ásia. A evangelização do terceiro milênio deve dirigir-se para a evangelização na Ásia", explicou Hong-Soon em uma entrevista concedida ao Grupo ACI em 5 de dezembro em Roma.

Como embaixador "tentei convencer os meus amigos chineses a abrir as portas ao Vaticano, o único dos grandes países que ainda não tem relações internacionais com a Santa Sé, algo muito importante para um autêntico desenvolvimento cultural e espiritual".

"China é um país muito influente na situação atual da Coréia do Norte. Nós rezamos e trabalhamos para que a evangelização se difunda na China por isso".

"Meu objetivo é que esta abertura da China possa incidir na situação da Coréia do Norte, que melhore a situação dos direitos humanos, já que o primeiro elemento para os direitos humanos é a liberdade religiosa", acrescentou o perito vaticano.

Estatisticamente, o continente asiático possui a menor taxa de católicos do mundo e, embora o número de fiéis esteja crescendo, os governos limitam a liberdade de credo em países como a Coréia do Norte e China. Em outros países a religião católica é muito aceita, como Filipinas ou Coréia do Sul.

Conforme explica Hong-Soon, segundo um estudo estatístico em 2012 sobre conduta religiosa na Coréia do Sul, o cristianismo é a religião melhor valorizada no país, acima do budismo. Além disso, outros dados projetam que em 30 anos a metade da população sul-coreana professará a religião católica.

É interessante a história da Igreja Católica na antiga península da Coréia, marcada por uma longa perseguição que chega até hoje.

Os fiéis leigos começaram a história da Igreja no final de 1700, quando um grupo de intelectuais tentou procurar uma nova via para construir o país procurando novos valores. Por acaso, encontraram um livro de um jesuíta italiano, o Padre Mateo Ricci, intitulado: "O verdadeiro significado do Senhor do Céu", uma espécie de catecismo escrito em chinês.

O interesse pelos novos valores da reforma social pouco a pouco se converteram em fé e os coreanos cristãos escolheram um deles para enviá-lo a Pequim (China), para receber o Batismo. O primeiro batizado da Coréia foi Pedro Li, que a sua volta batizou os seus amigos, dando origem à primeira comunidade católica do país.

A Igreja na Coréia sobreviveu sem a ajuda direta dos missionários jesuítas até a chegada do clero francês da Sociedade de Missões Estrangeiras de Paris em 1836. Mas os valores cristãos foram contra os interesses do grupo dominante de então, a dinastia de Joseon, e começaria uma perseguição que duraria por 100 anos na qual morreram mais de dez mil mártires, 103 dos quais foram canonizados pelo Beato João Paulo II em 1984.

Terminando o ano de 1800 chegou a liberdade religiosa a Coréia, mas pouco tempo depois chegou a invasão japonesa, em 1910 a Coréia foi anexada ao Japão, até que em 1945 com a Segunda guerra mundial, o país foi dividido em Norte e Sul, impondo-se as duas ideologias dominantes: a da União Soviética ao norte e a norte-americana ao sul.

Depois chegou a guerra civil coreana, que terminou por definir ainda mais a divisão no país.

Conforme assinala o perito do Vaticano, depois do Concílio Vaticano II a Igreja Católica cresceu a um ritmo extraordinário, e se em 1960 meio milhão de coreanos eram católicos -menos de 2 por cento da população-, hoje em dia os católicos chegam a cinco milhões e médio, 11 por cento da população.

Hong-Soon sustenta que o segredo do crescimento do cristianismo no país é que "a vida exemplar dos religiosos e religiosas criou uma atmosfera favorável ao cristianismo em toda a sociedade coreana, em comunhão com o Santo Padre, vista como uma Igreja de unidade".

"Na Coréia do Sul a Igreja Católica dobrou a cada dez anos. Isto foi resultada das duas visitas pastorais de João Paulo II na Coréia", acrescenta.

A situação da Igreja Católica na Coréia do Norte

A "Associação Católica da Coréia do Norte", criado pelo governo comunista em junho de 1988 como um meio de controle sobre a vida católica, administra a situação da Igreja Católica no país, onde não se permite a existência de ministros religiosos.

Conforme explicou Hong-Soon, na Coréia do Norte não existe a Igreja em sua forma perfeita e real, mas existem apenas os fiéis leigos e se estes "são verdadeiros ou não, se estão manipulados pelo governo ou não, decidirá o Senhor. Nós não sabemos e não podemos julgar", disse.

Antes da divisão da Coréia havia sacerdotes e bispos e "estamos praticamente certos de que todos foram martirizados, portanto, não existe a Igreja na Coréia do Norte, e nos sentimos responsáveis pela evangelização neste país, mas como fazê-lo?".

"A Igreja Católica na Coréia do Sul se dedica muito à oração pela reconciliação do país, não pedimos a unificação porque qual seria o sentido de fazer a reunificação sem reconciliação?", concluiu Hong-Soon.

A situação da Igreja Católica na China

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Por sua parte a China permite o culto católico unicamente à Associação Patriótica Católica Chinesa, ajudante do Partido Comunista da China, e rejeita a autoridade do Vaticano para nomear bispos ou governá-los. A Igreja Católica fiel ao Papa não é completamente clandestina; embora seja assediada constantemente.

As relações diplomáticas entre a China e o Vaticano se romperam em 1951, dois anos depois da chegada ao poder dos comunistas que expulsaram os clérigos estrangeiros.

Em dezembro de 2010, a nomeação de um bispo legitimamente ordenado como Presidente da associação, durante uma assembleia que sacerdotes e bispos fiéis a Roma tiveram que assistir à força, gerou um distanciamento entre o Vaticano e a China.

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