É necessário saber o que aconteceu para reconhecer erros, explica o Papa sobre a Inquisição

VATICANO, Jun 15, 2004 / 15:54 pm

Com a apresentação do documento intitulado “A Inquisição”, que contém as atas do Simpósio Internacional celebrado em outubro de 1998 no Vaticano, o Papa João Paulo II enviou uma mensagem em que reafirmou a necessidade de “conhecer exatamente os fatos” para poder “reconhecer as carências a respeito das exigências evangélicas” nos casos específicos.

Em sua mensagem –lida pelo Cardeal Etchegaray– o Santo Padre explicou que a celebração do simpósio responde ao desejo manifestado na carta apostólica ‘Tertio millennio adveniente’ onde se afirma que “é justo que, enquanto o segundo Milênio do cristianismo chega a seu fim, a Igreja assuma com uma consciência mais viva o pecado de seus filhos lembrando todas as circunstâncias nas quais, ao longo da história, se afastaram de Cristo e de seu Evangelho”.

“Na opinião pública –acrescentou o Pontífice– a imagem da Inquisição representa de alguma forma o símbolo deste antitestemunho e escândalo. Em que medida esta imagem é fiel à realidade? Antes de pedir perdão é necessário conhecer exatamente os fatos e reconhecer as carências a respeito das exigências evangélicas nos casos em que for assim. Este é o motivo pelo qual o Comitê dirigiu-se a historiadores, cuja competência científica é universalmente reconhecida”.

João Paulo II também lembrou que em 12 de março de 2000 foi celebrada uma jornada especial na qual se pediu perdão “pelos erros cometidos no serviço à verdade recorrendo  métodos não evangélicos”.

Esse pedido de perdão “vale tanto para os dramas relacionados com a Inquisição como para as feridas da memória que são sua conseqüência. Este volume se inscreve no espírito deste pedido de perdão”, concluiu o Papa.

O documento foi apresentado nesta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé  pelos cardeais Roger Etchegaray, ex-presidente do Comitê Central do Grande Jubileu do Ano 2000; Jean-Louis Tauran, arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romaana e Georges Cottier, O.P., pró-teólogo da Casa Pontifícia. Esteve presente também o professor Agostino Borromeo, encarregado da edição.