MADRI, Jan 23, 2014 / 13:43 pm
O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Gerhard Müller, visitou a Universidade Católica de Valência "São Vicente Mártir", na Espanha, onde assegurou que "não há revolução ou mudança de direção no vaticano", mas sim um chamado a "superar a letargia e a resignação frente à secularização extrema".
Dom Müller será nomeado cardeal no primeiro consistório do Papa Francisco no próximo dia 22 de fevereiro. O Prelado pronunciou em Valência uma conferência sobre "Colegialidade e exercício da potestade suprema na Igreja", na qual destacou a "saudável descentralização" na Igreja que o Pontífice fala na Exortação Apostólica 'Evangelii Gaudium'.
O Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé destacou que "um reajuste de independência e colaboração das Igrejas locais, da colegialidade episcopal e do Primado do Papa nos permitirá não perder de vista a exigência transcendental da questão sobre Deus".
"A vida da Igreja não pode concentrar-se de tal forma no Papa e sua Cúria, como se as paróquias, comunidades e dioceses fossem apenas algo secundário", explicou Dom Müller e acrescentou que "uma centralização exagerada da administração não ajuda a Igreja, mas pelo contrário, impede a sua dinâmica missionária".
"Uma Igreja que gire somente em torno dos próprios problemas estruturais seria espantosamente anacrônica e alheia ao mundo, pois no seu ser e missão não é outra coisa que a Igreja do Deus trinitário, origem e destino de cada homem e de todo o universo", afirmou.
Nesse sentido, Dom Müller declarou que "o que interessa ao Papa é uma superação tanto da letargia e da resignação frente à secularização extrema, como um final das disputas debilitantes dentro da Igreja entre ideologias tradicionalistas e progressistas".
E daí, indicou, que a Exortação apostólica queira reunificar interiormente à Igreja, "para que o Povo de Deus, no seu serviço missionário, não seja obstáculo para uma humanidade necessitada de salvação e ajuda". Os graves problemas que a sociedade atual enfrenta como as guerras civis, o terrorismo ou a pobreza "fazem que sobrevenha à Igreja de Deus a tarefa transcendental de dar novamente esperança à humanidade".
O Arcebispo alemão assegurou durante a conferência na Espanha que a unidade "fraternal" dos bispos da Igreja Universal com o Bispo de Roma à cabeça de todos, fundamenta-se na "sacramentalidade" da Igreja, e com isso, no direito divino.
Assim, Dom Müller manifestou que ainda sendo meios "indispensáveis", nação, idioma e cultura "não são princípios constitutivos para a Igreja, que atesta e realiza a unidade dos povos em Cristo".
"A comunhão e a missão são os dois elementos que constituem a comunidade dos discípulos de Jesus como sinal e instrumento de unidade dos homens com Deus e de unidade entre eles mesmos. Portanto, a Igreja é essencialmente uma só, como servidora e mediadora dessa união. A Igreja não é a posterior soma dos indivíduos em sua relação autônoma e imediata com Deus, mas já está unida a Cristo organicamente como o corpo com a cabeça", afirmou.
Além disso, recordou que a Luz não é a Igreja, mas é Cristo "que ilumina a cada homem" e que "apesar de todas as tormentas e ventos contrários, a barca de Pedro deve voltar a içar as velas da alegria por Jesus, que está junto a nós".
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