VATICANO, Apr 4, 2014 / 11:19 am
O Papa Francisco recorreu a uma nova exceção para inscrever ontem no livro dos santos o sacerdote jesuíta José de Anchieta, o chamado "Apóstolo do Brasil", a religiosa Maria da Encarnação, conhecida como a "Mãe da Igreja Católica no Canadá", e o Bispo de Québec (Canadá), Dom Francisco de Montmorency-Laval.
Segundo a Constituição Apostólica Divinus Perfectionis Magister de 1983 e as normas da Congregação para as Causas dos Santos, para que um beato seja declarado santo se necessita a aprovação de um milagre concedido por sua intercessão. Entretanto, o Papa tem a faculdade de suprimir este requisito.
A Rádio Vaticana explicou hoje que ao declarar santos estes três beatos, o Papa realizou uma canonização chamada "equivalente". Segundo esta, o Santo Padre, pela autoridade que lhe compete, "estende à Igreja universal o culto e a celebração litúrgica de um santo, uma vez que se comprovam certas condições precisadas pelo Papa Bento XIV (1675-1758)".
Esta praxe, assinala a emissora vaticana, "já foi utilizada pelo Papa Francisco para a canonização da Beata Angela di Foligno em 9 de outubro de 2013, e para São Pedro Fabro, em 17 de dezembro do mesmo ano, assim como por seus predecessores Bento XVI, João Paulo II, João XXIII e outros".
Pela atualidade da explicação e pela importância do tema, o Grupo ACI recorda a entrevista que lhe fez faz uns meses em Roma ao sacerdote jesuíta alemão Pe. Peter Gumpel, perito em processos de canonização e direito canônico nesta matéria, além de relator da Causa do Papa Pio XII, o Pontífice que sentou as bases do Concílio Vaticano II e salvou 800 mil judeus da morte.
Nesta ocasião, o Pe. Gumpel explicou que o Papa pode declarar santo um beato sem necessidade de um segundo milagre obrado por sua intercessão. "A Bíblia não fala deste requisito. O milagre é uma lei eclesial e positiva dada por alguns Papas no passado, mas o Papa está por cima disso e se ele decidir que deve fazê-lo (declarar santo o beato) está em seu direito".
O Papa Francisco é o sucessor de São Pedro, "é uma pessoa responsável. E se quer fazê-lo está bem", acrescentou.
Segundo o Evangelho de São Mateus, Jesus disse ao apóstolo São Pedro que foi o primeiro Papa da Igreja: "Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".
Além disso, precisou o sacerdote, o direito canônico estabelece que se pode declarar santa uma pessoa em base a outros elementos e motivos que podem substituir um milagre demonstrado científica e teologicamente.
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