23 de dezembro de 2024 Doar
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Somos como Maria e José ou como Herodes para com as crianças que sofrem?, questiona o Papa Francisco desde Belém

Lauren Cater/CNA

O Papa Francisco celebrou neste domingo a Santa Missa na Praça do Presépio, em Belém (Palestina), onde afirmou que quando as crianças são cuidadas e protegidas as famílias e o mundo são mais humanos, entretanto, recordou que existem milhares de crianças que sofrem fome, violência, guerra, exploração e outros males. Ante eles, questionou, nós somos como Maria e José ou como Herodes?

Francisco chegou Aaoo lugar em um papamóvel descoberto e foi recebido por milhares de fiéis, entre os quais também se encontravam peregrinos de outras partes do mundo, os cavalheiros do Santo Sepulcro, o presidente Mahmoud Abbas, autoridades locais, o Patriarca Latino Dom Fouad Twal, e outros líderes religiosos. Durante o percurso, o Papa se dava o tempo para estender a mão às pessoas que se esforçavam por saudá-lo. Como se recorda, o Pe. Federico Lombardi explicou antes da viagem, que o Santo Padre desejava estar em contato com as pessoas e por isso não quis usar um automóvel blindado durante sua visita a Terra Santa.

Diante dos milhares de fiéis reunidos, o Papa assinalou que as crianças são "sinal de esperança, sinal de vida, mas também sinal de "diagnóstico" para compreender o estado de saúde duma família, duma sociedade, do mundo inteiro. Quando as crianças são acolhidas, amadas, protegidas, tuteladas, a família é sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais humano".

Assim como o Menino Jesus, indicou, as crianças de hoje são frágeis e precisam ser cuidadas. "Infelizmente, neste nosso mundo que desenvolveu as tecnologias mais sofisticadas, ainda há tantas crianças em condições desumanas, que vivem à margem da sociedade, nas periferias das grandes cidades ou nas zonas rurais. Ainda hoje há tantas crianças exploradas, maltratadas, escravizadas, vítimas de violência e de tráficos ilícitos. Demasiadas são hoje as crianças exiladas, refugiadas, por vezes afundadas nos mares, especialmente nas águas do Mediterrâneo. De tudo isto nos envergonhamos hoje diante de Deus, Deus que Se fez Menino", denunciou em sua homilia.

"Quem somos nós diante de Jesus Menino? Quem somos nós diante das crianças de hoje? Somos como Maria e José que acolhem Jesus e cuidam d'Ele com amor maternal e paternal? Ou somos como Herodes, que quer eliminá-Lo? Somos como os pastores, que se apressam a adorá-Lo prostrando-se diante d'Ele e oferecendo-Lhe os seus presentes humildes? Ou então ficamos indiferentes? Por acaso limitamo-nos à retórica e ao pietismo, sendo pessoas que exploram as imagens das crianças pobres para fins de lucro? Somos capazes de permanecer junto delas, de "perder tempo" com elas? Sabemos ouvi-las, defendê-las, rezar por elas e com elas? Ou negligenciamo-las, preferindo ocupar-nos dos nossos interesses?", questionou o Papa.

"Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino…". Talvez aquela criança chore! Chora porque tem fome, porque tem frio, porque quer colo… Também hoje as crianças choram (e choram muito!), e o seu choro interpela-nos. Num mundo que descarta diariamente toneladas de alimentos e remédios, há crianças que choram, sem ser preciso, por fome e doenças facilmente curáveis. Num tempo que proclama a tutela dos menores, comercializam-se armas que acabam nas mãos de crianças-soldado; comercializam-se produtos confeccionados por pequenos trabalhadores-escravos. O seu choro é sufocado: têm que combater, têm que trabalhar, não podem chorar! Mas choram por elas as mães, as Raquéis de hoje: choram os seus filhos, e não querem ser consoladas (cf. Mt 2, 18)".

"Isto vos servirá de sinal". O Menino Jesus nasceu em Belém, cada criança que nasce e cresce em qualquer parte do mundo é sinal de diagnóstico, que nos permite verificar o estado de saúde da nossa família, da nossa comunidade, da nossa nação. Deste diagnóstico franco e honesto, pode brotar um novo estilo de vida, onde as relações deixem de ser de conflito, de opressão, de consumismo, para serem relações de fraternidade, de perdão e reconciliação, de partilha e de amor".

O Santo Padre concluiu sua homilia fazendo uma súplica à Virgem Maria:
 

Ó Maria, Mãe de Jesus,

Vós que acolhestes, ensinai-nos a acolher;

Vós que adorastes, ensinai-nos a adorar;

Vós que acompanhastes, ensinai-nos a acompanhar. Amém.

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