18 de dezembro de 2024 Doar
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Estado Islâmico justifica sequestro de mulheres e seu uso como escravas sexuais

Bandeira do Estado Islâmico do Iraque | Bandeira do Iraque

O grupo extremista Estado Islâmico justificou neste domingo o sequestro de mulheres e sua utilização como escravas sexuais citando a teologia islâmica, uma interpretação rejeitada pelo mundo muçulmano e considerada como uma separação da doutrina.

"Alguém deve recordar que a escravização das famílias dos 'kuffar' (infiéis) e o sequestro de suas mulheres como concubinas é um aspecto firmemente estabelecido pela 'sharia' ou lei islâmica", indicou o grupo em sua publicação digital Dabiq, assim informou a rede de televisão norte-americana CNN.

Em um artigo chamado 'O renascimento da escravidão antes da Hora' --em referência ao Juízo Final--, o Estado Islâmico sustentou que as mulheres da minoria yazidi, uma minoria curda residente fundamentalmente no Iraque, podem ser capturadas e convertidas em concubinas ou escravas sexuais de forma legítima.

O artigo foi divulgado horas depois da denúncia feita pela organização não governamental Human Rights Watch (HRW) dos milhares de crimes cometidos pelos extremistas contra as minorias étnicas da Síria e Iraque.

A organização terrorista separou centenas de mulheres de suas famílias para obriga-las a casar-se com os seus milicianos ou para serem vendidas como escravas sexuais. Grande parte das vítimas são yazidis, muitas vezes obrigadas a converter-se ao islã para salvar suas vidas.

"A ladainha de crimes horrorosos do Estado Islâmico contra os yazidis no Iraque não deixa de crescer", disse o assessor do HRW Fred Abrahams. "Ouvimos histórias horríveis de conversões religiosas forçadas, matrimônios forçados e inclusive estupro e escravidão sexual", comunicou. Acrescentou que "várias das vítimas eram menores".

Vários entrevistados por esta ONG asseguraram que os terroristas capturaram um grande número de yazidis durante a incursão do Estado Islâmico no Curdistão iraquiano em agosto deste ano. Aos poucos dias, os milicianos separaram os cativos em três grupos: mulheres adultas e mães com crianças; mulheres adolescentes e de algo mais de 20 anos; e homens.

O número exato de sequestros é desconhecido dado que nas regiões com importante presença de etnias minoritárias (yazidis, cristãos, turcomanos e chabaquis) a população dispersou-se para tentar fugir do avanço Jihadista. Não obstante, pelas entrevistas que realizaram os membros do HRW, muitos yazidis asseguram ter visto mais de 1.000 sequestros.

Esta organização terrorista não sequestrou apenas mulheres, mas também homens jovens. Um yazidi que conseguiu escapar, Jider, assegurou ter visto que os islamistas sequestraram quatorze meninos de idade entre oito e doze anos.

Os irmãos mais velhos destes perguntaram aos milicianos aonde os levavam. "Não se preocupem, vamos dar-lhes comida e cuidaremos deles. Vamos leva-los a uma base para instrui-los no Corão e para ensinar-lhes como lutar e como participar da Guerra Santa", diziam os soldados.

O avanço do Estado Islâmico para afiançar seu controle sobre estas regiões provocou uma sistemática violação dos Direitos Humanos.

A situação na Síria e no Iraque se converteu em um inferno para estas minorias étnicas e religiosas e para todos aqueles que não compartilham os princípios da Jihad (guerra Santa muçulmana).

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