ROMA, Nov 4, 2014 / 14:34 pm
Uma turba de aproximadamente 100 muçulmanos queimou vivo um casal de jovens cristãos acusando-os de terem, supostamente, queimado algumas páginas do Corão no estado de Lahore no Paquistão.
O homem se chamava Shahzad e tinha 26 anos, e a sua esposa, Shama, tinha 24 anos e estava grávida. Eles foram empurrados para um forno onde se fabrica tijolos e assim foram queimados vivos.
Este acontecimento trágico foi informado à agência Fides por parte do advogado cristão Sardar Mushtaq Gill, defensor dos direitos humanos, que foi chamado por outros cristãos e presenciou a cena, no povoado "Chak 59", perto da cidade de Kot Radha Kishan, ao sul de Lahore.
O casal cristão foi sequestrado e mantido como refém durante dois dias dentro de uma fábrica. Na manhã de hoje foram assassinados.
Gill relata que o episódio que desencadeou a acusação da suposta blasfêmia, tem relação com a morte recente do pai de Shahzad. Faz dois dias, Shama, quando estava limpando a casa do homem, pegou alguns artigos pessoais, documentos e folhas que pensou que fossem inúteis e fez um pequeno fogo.
Segundo um homem muçulmano que foi testemunha da cena e sem nenhuma confirmação, nesse fogo havia páginas do Corão. O homem espalhou a notícia nos povoados vizinhos e uma turba de 100 pessoas fez os dois jovens de reféns.
Na manhã de hoje aconteceu o final trágico. A polícia, alertada por outros cristãos, interveio e prendeu 48 pessoas, conforme assinala o jornal Pakistan Today.
Gill afirma que isso "é uma tragédia, um ato bárbaro e desumano. O mundo inteiro deve condenar energicamente este episódio que demonstra que a insegurança aumentou entre os cristãos no Paquistão. Basta só uma acusação para serem vítimas de execuções extrajudiciais. Veremos se alguém será castigado por este assassinato".
As autoridades já constituíram um comitê de três pessoas para acelerar as investigações dos fatos originados por uma acusação, não confirmada, de uma suposta violação à lei da blasfêmia.
Uma mãe católica no Paquistão, Asia Bibi, está na prisão desde novembro de 2010, acusada injustamente de ter violado a lei da blasfêmia, algo que ela sempre negou. Neste momento, o seu caso passou para a Corte Suprema onde os juízes decidirão se ela será ou não condenada à morte.
A organização pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresentou hoje um relatório sobre a liberdade religiosa no mundo, no qual se destaca que estas leis da blasfêmia "limitam, na prática, a liberdade de religião e expressão. Profanar o Corão ou insultar o profeta são delitos que se castigam com penas de prisão ou, inclusive, com a morte".
"Na vida diária, entretanto, estas leis se utilizam com frequência como instrumento de perseguição contra as minorias religiosas. Apesar dos apelos realizados ao longo de muitos anos para que se derroguem estas leis, nenhum partido político, nem o Governo se atreveu tocar nelas", indica o texto.
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