24 de novembro de 2024 Doar
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Filha da católica condenada à morte no Paquistão: Espero com fé a sua libertação

Eisham Ashiq não pôde conter as lágrimas durante a sua participação no Congresso Internacional sobre Liberdade Religiosa Todos Somos Nazarenos #WeAreN2015. | Flickr HazteOír (DC-BY-SEA-2.0)

Eisham Ashiq, a filha de 15 anos de Asia Bibi, cristã condenada à morte no Paquistão e acusada de blasfemar contra o Islã, assegurou recentemente que sua fé católica a sustenta para esperar a libertação de sua mãe.

Em uma entrevista difundida pela plataforma HazteOír, no marco do Congresso Internacional sobre Liberdade Religiosa Todos Somos Nazarenos #WeAreN2015 realizado de 17 a 19 de abril em Madri (Espanha), Eisham Ashiq assinalou que sua mãe permanentemente a encoraja a centrar-se nos seus estudos e na sua fé.

"A minha fé sempre me dá a coragem para acreditar que, se Deus quiser, minha mãe estará conosco. O primeiro que deverei fazer será agradecer a Deus o privilégio de ter a minha mãe em casa novamente levando uma vida pacífica", assinalou a jovem, que ainda não tinha completado 10 anos quando a sua mãe foi presa.

Em 2009, Asia Bibi trabalhava recolhendo frutas com outras mulheres muçulmanas em Sheikhupura, perto de Lahore (Paquistão). Ao aproximar-se de um poço local para beber um pouco d´água, a acusaram de ter poluído a água inteira, apenas pelo fato de ser cristã.

Ao dia seguinte, ela foi atacada por um grupo e levada a uma delegacia de polícia como medida de "segurança". Lá ela foi acusada de blasfêmia contra o Islã. Em 2010 Asia Bibi foi condenada à morte, mas houve um pedido de apelação. Na primeira quinzena do mês de abril, o Papa Francisco recebeu Eisham Ashiq e o seu pai (esposo de Asia Bibi), Ashiq Masih, no Vaticano. Nesta ocasião o Santo Padre lhes assegurou suas orações.

A seguir, a entrevista completa de HazteOír a Eisham Ashiq:

Que idade você tinha quando prenderam a sua mãe?

Eu tinha quase 10 anos.

Como era o dia a dia em casa com sua mãe?

No povoado não havia comodidades, a vida era difícil da manhã até à noite, mas tínhamos uma vida feliz junto a ela. Eu amo a minha mãe.

Ela falava para você e para os seus irmãos sobre quem é Deus?

Sim, é uma mulher temerosa de Deus e tem uma fé muito grande. Sempre nos falava de Deus e da Sua bondade.

Você lembra do dia que estava no colégio e prenderam a sua mãe?

Aquele dia eu estava junto com ela e lembro como os nossos vizinhos falavam mal da minha mãe.

O que esses homens fizeram com vocês?

Minha mãe estava no seu lugar de trabalho quando chegaram vários homens. Agarraram-na e a levaram al centro do povoado, onde já havia uma multidão reunida. Nossos vizinhos e os muçulmanos dos povoados próximos a golpearam inumanamente, a desmoralizaram e a humilharam. Depois, a polícia prendeu a minha mãe e a levou à delegacia. Enquanto a golpeavam ela pediu água, mas ninguém lhe deu um copo de água, não lhe davam descanso. Eu mesma necessitava água porque estava ali e me pisoteavam da pior maneira. Alguém me agarrou e me empurrou contra um muro. Estavam abusando da minha mãe, arrancaram a sua roupa.

Como foi sua vida familiar após este momento?

Sem minha mãe, nossa vida está totalmente atormentada. Embora meu pai cuide de nós, sentimos muita saudade dela. Não é possível substituir a minha mãe. Queríamos compartilhar com minha mãe muitas coisas que não podemos compartilhar com meu pai.

Tinham amigos muçulmanos antes de que acusassem a sua mãe de blasfêmia? Eles os deixaram de lado?

Éramos a única família cristã neste povoado muçulmano. Deixamos o povoado porque nossos amigos nos deixaram de lado. Eram mal-educados conosco e decidimos sair deste lugar.

O que a sua mãe fala quando você vai visita-la no presídio?

Recentemente fomos visita-la. Falamos sobre muitas coisas, mas lembro que acariciou o meu rosto e me aconselhou que a centrar-me nos meus estudos e na minha fé.

Você tem medo?

Sim, temos medo da acusação de blasfêmia sobre a minha mãe e enquanto morarmos no Paquistão temos diversas razões para temer. Recentemente uns suicidas com explosivos nos atacaram em duas Igrejas de Youhanabad. Noventa por cento das pessoas abandonaram suas casas porque os muçulmanos ameaçaram queimar a nossa colônia. Eu estou pessoalmente agradecida ao exército, pois controlaram esta situação.

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Qual será a primeira coisa que farão quando, se Deus quiser, sua mãe saia da prisão?

A minha fé sempre me dá a coragem para acreditar que, se Deus quiser, minha mãe estará conosco. O primeiro que deverei fazer será agradecer a Deus o privilégio de ter a minha mãe em casa novamente levando uma vida pacífica.

Você acha possível um futuro de paz para os cristãos no Paquistão?

Na minha humilde opinião e nas minhas atuais circunstâncias acho que não é possível a paz para os cristãos no Paquistão.

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