SÃO PAULO, Jun 5, 2015 / 15:37 pm
Após ser atingido por um disparado de arma de fogo durante um arrastão no metrô de São Paulo, um sacerdote brasileiro deu testemunho de como viver a misericórdia diante da violência. Na quarta-feira, 3, Padre Wilson Pereira dos Santos levou um tiro na perna dentro de um vagão da estação Parada Inglesa, da Linha 1-Azul, na Zona Norte da capital paulista e perdoou publicamente os seus agressores: dois menores de idade.
Padre Wilson é Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida e São Matias, na Arquidiocese de São Paulo. Segundo relato, dois adolescentes, de 16 e 17 anos, embarcaram no trem na estação Jardim São Paulo-Ayrton Senna e, durante o trajeto até a estação seguinte, roubaram nove celulares e uma carteira. Ao chegarem na estação Parada Inglesa, os jovens ameaçaram atirar caso alguém saísse do trem. Padre Wilson Pereira conta que não houve nenhuma reação dos passageiros, nem dele próprio. Mesmo assim, um dos jovens atirou e atingiu superficialmente sua perna direita.
Após o susto e os cuidados imediatos aos ferimentos, o Padre disse ao site da Arquidiocese de São Paulo não ter nenhum ressentimento e que perdoa os agressores. Ele ainda refletiu sobre a realidade que pode levar os jovens a uma situação como esta. "Eu penso que tem mais culpa as pessoas que possibilitaram esse tipo de ação. Como que aquela arma chegou nas mãos daqueles menores? Qual seria na nossa parcela de culpa, enquanto sociedade, diante de tudo isso?", questionou.
Os adolescentes foram presos pela Polícia Militar no entorno da estação e afirmaram que o disparo aconteceu acidentalmente. Eles foram encaminhados para uma unidade provisória da Fundação Casa.
O caso reascende a discussão sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Padre Wilson, embora sendo vítima de dois adolescentes, considera que a formação dos jovens seja o melhor caminho. "Eu, pessoalmente, não acredito que só reduzindo a maioridade penal que irá resolver as coisas. É preciso não apenas investir em educação, mas até em infraestrutura familiar, humana, para que esses delitos não venham a ser mais comuns". O sacerdote, porém, não se posicionou categoricamente a favor ou contra ao projeto de lei que tramita em Brasília.
O Pároco chama a atenção para o fato de que é preciso um sentimento de justiça em todos os âmbitos da sociedade. "Não vejo diferença, por exemplo, entre uma pessoa que mora na periferia e comete esse tipo de delito, com políticos e empresários de desviam milhões dos cofres públicos".
ACI Digital entrou em contato com a secretaria paroquial e foi informada que Padre Wilson Pereira dos Santos está bem, e se recupera na casa de familiares. Ele deverá retomar suas atividades pastorais em breve.
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