17 de dezembro de 2024 Doar
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Mais que uma moda, a nova "alma" do ocidente. Bispo espanhol analisa impactos da ideologia de gênero

Imagem referencial. Foto Pixabay domínio público

O Bispo de São Sebastião (Espanha), Dom José Ignacio Munilla, fez uma análise sobre a origem e os perigos da ideologia de gênero, que ocupa atualmente o papel da "alma" do ocidente e tem como objetivo a desconstrução do matrimônio e da família.

Durante sua homilia na Missa presidida ontem pela Solenidade da Assunção da Virgem Maria, o Prelado explicou que um ponto de inflexão para a difusão desta ideologia foi a queda do Muro de Berlim, quando muitas pessoas no ocidente pensavam que já não era necessária nenhuma ideologia, filosofia ou teologia porque a economia as supriria.

Esta situação, disse Dom Munilla, fez com que o Ocidente terminasse "por transformar-se em um corpo sem alma, onde o único fato importante e definitivo parecia ser a economia florescente e o bem-estar social. Da mesma forma que não existe um corpo vivo sem alma, tampouco pode existir uma sociedade de consumo, sem apoiar-se em uma determinada concepção da vida. E desta forma, em poucos anos, a cultura foi assumindo uma nova ideologia".

"A que me refiro? Sem dúvida, à 'ideologia de gênero' (que) está ocupando o papel da 'alma' do ocidente, anteriormente disputada pelo marxismo e pelo humanismo cristão".

O Bispo precisou que esta ideologia de gênero "não é mais que uma metástase do marxismo, assumida agora pela cultura secularizada, principalmente no Ocidente".

"Na opinião de grandes analistas, o marxismo fracassou, pois, centrou na sua teoria econômica da luta de classes, mas sem atacar diretamente à família, a qual na verdade configura os valores da pessoa. Por isso, no momento presente, a 'ideologia de gênero' foi desenhada para confrontar-se com a família e com a mesma concepção natural do homem".

Em seguida, o Prelado recordou que, "como dizia Chesterton, a pessoa desvinculada da família e da sua própria natureza é plenamente manipulável pelo projeto consumista. Ao totalitarismo não lhe interessam as famílias sadias e fortes, mas as pessoas solitárias e desvinculadas".

"A vitória plena desta 'nova ordem' amente pode ser alcançada desterrando o princípio de subsidiariedade, até eliminar qualquer instituição intermédia entre o Estado e o indivíduo. Desta forma, o ser humano se submete ao 'deus Estado'; e não tem outro remédio do que seguir as regras do consumismo, através de uma obediência total e submissão ao politicamente correto".

Dom Munilla explicou ainda que "o pensamento único se converteu em 'lei' em nossos dias. Em pouco tempo passamos do relativismo à ditadura do relativismo. No campo político, os supostos opositores não apresentam diferenças substanciais no que se refere ao pensamento antropológico e moral".

"Na verdade, hoje em dia, um secularizado 'de direita' pensa substancialmente a mesma coisa que um secularizado 'de esquerda'. Mas, é importante que tenhamos a sensatez necessária para analisar o que chamamos 'politicamente correto', finalmente transformado em lei, se este se identifica com a 'ideologia de gênero'".

Esta ideologia, prosseguiu o Prelado, "está programada para a desconstrução do matrimônio e da família, por tratar-se do único bastão que havia resistido ao 'Senhor do Mundo' – parafraseando o título do livro –, buscando controlar a sua maneira a própria humanidade".

O Bispo de São Sebastião fez menção à publicação "O Senhor do Mundo", um livro de 1907 escrito por Robert Hugh Benson, um anglicano convertido ao catolicismo. O texto foi recomendado durante várias ocasiões pelo Papa Francisco com o fim de entender a crise atual, onde o politicamente correto "pretende impor uns valores contrários à lei natural e à lei divina; e para isso se compromete em reduzir o cristianismo a sua dimensão privada, expulsando-o da vida pública".

Maria autêntica modelo para todos

O Bispo afirmou logo que "confiamos totalmente na providência divina, a qual guia a história além das nossas contradições e pecados; mas, precisamente por isso, não somos ignorantes nem indiferentes ante os desafios do presente".

"É previsível que no futuro tenhamos que pagar um preço muito alto por manter uma consciência crítica frente a este pensamento único, e, não digamos nada, por exercer a denúncia profética frente ao 'Senhor do Mundo'".

Para o Prelado, "também estamos nos 'tempos robustos', como disse Santa Teresa de Jesus, nos quais devemos estar atentos à permanente tentação da mundialização, contra a qual, frequentemente, está-nos precavendo o Papa Francisco".

"Que Maria nos ajude a compreender como se vê a Terra desde o Céu, para que não sejamos enganados por falsas ideologias! Sabemos que o homem não é feliz quando percorre os caminhos do seu orgulho próprio, mas quando aceita sua verdade e sua condição de filho de Deus".

Para concluir, o Bispo recordou que "Santa Maria, em seu humilde sim a Deus, diz o verdadeiro sim ao ser humano e à família. Ela é modelo para todos: em sua aparente debilidade, trunfa e permanece, enquanto tudo o que é falso passa e desaparece".

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