HAVANA, Sep 16, 2015 / 10:00 am
O Presidente da Conferência de Bispos Católicos de Cuba (COCC), Dom Dionisio García, indicou que a visita do Papa Francisco não deve ser vista como um evento, mas como um processo que sirva para continuar o trabalho evangelizador e missionário, inserida na pastoral da Igreja em Cuba.
Em uma entrevista divulgada no site do Episcopado, Dom García afirmou que "a visita do Santo Padre a uma igreja particular sempre deixa muito: seu magistério, o encontro com as pessoas, a participação dos fiéis e do povo, em tantos contatos realizados e que depois perduram no tempo".
Nesse sentido, assinalou que "não queríamos que esta visita fosse considerada um evento que acaba, a qual foi preparada durante quatro meses", mas que esta visita "seja introduzida na nossa pastoral".
"Um dos principais temas da nossa pastoral é a missão e as comunidades, e a preparação desta visita já está nos ajudando a realizar estes dois aspectos. Os outros são: a família e a formação", indicou o Arcebispo.
Dom García disse ainda que espera que a visita do Pontífice "sirva para que continuemos nosso trabalho evangelizador e missionário". "Quando uma comunidade se torna consciente da sua missão evangelizadora, podemos dizer que esta é uma comunidade consolidada. Comprovamos, por exemplo, com as anteriores experiências das visitas de São João Paulo II e Bento XVI, e com a experiência do Ano Jubilar", afirmou.
Missionário da Misericórdia
Durante a entrevista, o Arcebispo de Santiago de Cuba recordou que o Santo Padre chegará à ilha como Missionário da Misericórdia. Indicou que em Cuba precisam experimentar a misericórdia de Deus. "Temos muitas feridas que devem ser curadas em todos os âmbitos da vida, pessoais, sociais, familiares… muitas famílias divididas por tantas coisas, pelas separações, alguns fora do país e outros dentro, existem separações por diferentes formas de pensar… os cubanos precisam experimentar a misericórdia, o perdão, a reconciliação".
"Ele nos falará da misericórdia do Pai, que entrega o seu filho para nos salvar, e nos pedirá que procuremos construir uma pátria melhor (…) baseada na justiça, na fraternidade entre cubanos, apoiada pela participação de todos, uma pátria comum através da qual ninguém se sinta excluído", assinalou.
Em seguida, indicou que "para isso é necessário ter um coração misericordioso", aberto ao perdão e "à disponibilidade de diálogo", estarmos "sempre atentos aos mais necessitados e aos mais vulneráveis da nossa sociedade".
"Com certeza, este apelo será parte da sua mensagem, Deus derrama sua misericórdia sobre nosso povo e nos torna responsáveis, a fim de que sejamos misericordiosos com outros", acrescentou.
O Presidente do Episcopado assinalou que é utópico pensar "que as leis ou o cumprimento das leis podem tornar uma sociedade perfeita, não é verdade, pois às vezes as leis são ambivalentes, o que conta é o coração".
"Somente através das leis não resolvemos os problemas, é necessário que o espírito da lei, que é ou deveria ser, procurar que o bem de cada homem prevaleça. Isso é o que espero que o Papa nos exorte, que tudo o que façamos esteja impregnado pela misericórdia de Deus e por nossa ação misericordiosa", expressou Dom García.
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