28 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco: por que é necessário um Jubileu da Misericórdia? Que sentido tem?

O Papa Francisco na Audiência. | Daniel Ibáñez / ACI Prensa

O Papa Francisco dedicou a Audiência Geral desta quarta-feira para explicar as razões que o levaram a convocar o Jubileu da Misericórdia, o qual inaugurou ontem com a abertura da Porta Santa e que será concluído em 20 de novembro de 2016, festa de Cristo Rei. Em sua Catequese de hoje, reconheceu que a necessária renovação das instituições e estruturas da Igreja é um meio para vivê-la.

"Por que um Jubileu da Misericórdia? O que significa isto?", perguntou. "A Igreja tem necessidade deste momento extraordinário. Não digo 'é bom para a Igreja este momento extraordinário'. Digo que a Igreja tem necessidade deste momento extraordinário".

"Em nossa época de profundas mudanças, a Igreja é chamada a dar sua particular contribuição, fazendo sinais visíveis da presença e da proximidade de Deus. Este Jubileu é um tempo favorável para todos nós, fazendo-nos contemplar a Misericórdia Divina que ultrapassa todo e qualquer limite humano e consegue brilhar no meio da escuridão do pecado, para nos tornarmos suas testemunhas convictas e persuasivas".

O Papa explicou então que "dirigir o olhar a Deus, Pai misericordioso, e aos irmãos necessitados de misericórdia, significa concentrar a atenção no conteúdo essencial do Evangelho: Jesus Cristo, a Misericórdia feita carne, que faz visível a nossos olhos o grande mistério do Amor trinitário de Deus".

Assim, "celebrar um Jubileu da Misericórdia equivale a pôr de novo no centro de nossa vida pessoal e de nossas comunidades o específico da esperança cristã".

Francisco assegurou que "este Ano Santo nos é oferecido para experimentar na nossa vida o toque doce e suave do perdão de Deus, a sua presença ao nosso lado e sua proximidade sobretudo nos momentos de maior necessidade".

O Papa sublinhou que "o que mais agrada a Deus é perdoar os seus filhos, usar de misericórdia para com eles, a fim de que possam, por sua vez, usar de misericórdia e perdoar os seus irmãos".

"Santo Ambrósio, em um livro de teologia, toma a história da criação do mundo e diz que Deus cada dia depois de ter feito uma coisa, a lua, o sol ou os animais… a Bíblia diz: 'e Deus viu que isto era bom'. Mas quando fez o homem e a mulher, a Bíblia diz: 'Deus viu que isto era muito bom'. Santo Ambrósio se pergunta: 'por que diz muito bom?, por que Deus está tão contente depois do homem e da mulher?'. 'Porque ao final tinha alguém a quem perdoar'. A alegria de Deus é perdoar. O ser de Deus é misericórdia, por isso este ano devemos abrir o coração", improvisou o Papa.

O Santo Padre afirmou que a "também necessária obra de renovação das instituições e das estruturas da Igreja é um meio que deve levar-nos a fazer a experiência viva e vivificante da misericórdia de Deus que, sozinha, pode garantir à Igreja ser essa cidade colocada sobre um monte que não pode permanecer escondida".

O Papa assegurou que o objetivo da Igreja neste Ano Santo é o encontro com o Jesus, "como Bom Pastor que veio nos buscar porque estávamos perdidos".

"Assim reforçaremos em nós a certeza de que a misericórdia pode contribuir realmente para a edificação de um mundo mais humano, especialmente em nosso tempo, em que o perdão é um convidado estranho nos ambientes da vida humana".

Na opinião do Papa, a Igreja tem muito o que fazer neste tempo "e eu não me canso de recordá-lo". Mas, "é preciso dar-se conta de que na raiz do esquecimento da misericórdia está sempre o amor próprio".

"No mundo, isso toma a forma de busca exclusiva dos próprios interesses, prazeres e honras, juntamente com a acumulação de riquezas, enquanto na vida dos cristãos aparece muitas vezes sob a forma de hipocrisia e mundanidade".

"Estas investidas do amor próprio, que alienam a misericórdia do mundo, são tais e tantas que frequentemente nem sequer somos capazes de as reconhecer como limite e como pecado". Isto explica "porque é preciso reconhecer que somos pecadores para reforçar em nós a certeza da misericórdia divina", assegurou.

"É ingênuo acreditar que isso possa mudar o mundo?", perguntou-se. "Sim, humanamente falando é loucura, mas o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte do que os homens", concluiu.

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