23 de novembro de 2024 Doar
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Não há dúvidas: Missionárias da Caridade morreram como mártires

Missionárias da Caridade no Iêmen | Rádio Vaticano

Embora a grande mídia tenha ignorado a motivação religiosa no massacre das Missionárias da Caridade no Iêmen, para Dom Paul Hinder, Vigário Apostólico da Arábia Saudita, "não há dúvida de que as irmãs foram vítimas de ódio contra nossa fé".

Na sexta-feira passada, um grupo de terroristas islâmicos entraram no convento e assassinaram quatro religiosas – duas de Ruanda, uma da Índia e uma do Quênia – e outras doze pessoas. Além disso, é desconhecido o paradeiro de Pe. Tom Uzhunnalil, único sacerdote católico que permanecia em Áden e que pertence à congregação salesiana.

O Bispo, responsável pelo trabalho apostólico nesta região de imensa maioria muçulmana, reiterou suas palavras e assinalou: "Quando eu digo que 'morreram por ódio à fé', quero dizer que as Missionários da Caridade morreram como mártires: como mártires da caridade, como mártires porque testemunharam Cristo e compartilharam muito de Jesus na cruz".

Dom Paul Hinder disse ao Grupo ACI que nesta região "existem alguns grupos radicais que simplesmente não suportam a presença de cristãos que servem aos mais pobres dos pobres", pois isto contrasta com o sistema existente; embora a população do Iêmen "estime e aprecie as Missionárias da Caridade e seu dedicado serviço".

"Para ser claro: não há razão para isso, a menos que os autores, deliberadamente ou não, sejam agentes do diabo", expressou. 

Além disso, o Prelado se referiu ao silêncio dos meios de comunicação ou – em outros casos – sua tendência a ocultar a motivação religiosa deste assassinato. "Seria muito difícil não ver que isso foi motivado por uma mente religiosa confusa; simplesmente não podemos encontrar outra razão", disse ele.

Este fato também foi criticado pelo Papa Francisco no domingo diante dos fiéis reunidos para rezar o Ângelus. "Estes são os mártires de hoje. E estes não são página de jornais, não são notícia. Eles dão o seu sangue pela Igreja", expressou emocionado.

Dom Hinder disse que esse ataque ao convento da congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá "revela, em primeiro lugar, que a guerra no Iêmen continua apesar das tentativas de negociações". "Há grupos, especialmente na região de Áden, que não estão sob o controle do governo regular e desestabilizam o país e aterrorizam a população", indicou.

Nesse sentido, explicou que agora "os poucos católicos no país não terão outra opção que não ser o mais discreto possível e esperar até que a paz se restabeleça". Além disso, a insegurança no país fez com que, certamente, tenha reduzido drasticamente o número de fiéis e não há números exatos da comunidade católica local.

Apesar do cenário sombrio, o Vigário Apostólico da Arábia assegurou que "o sacrifício das irmãs e nossas orações terão seus resultados, embora não possamos ver um efeito imediato. Como cristãos, acreditamos que o Gólgota não é o fim, mas sim a Ressurreição do Senhor, que terá a última palavra no juízo final".

Este é o segundo ataque sofrido pelas Missionárias da Caridade no Iêmen. A primeira vez aconteceu em julho de 1998, quando homens armados atacaram seu centro de atendimento a deficientes na cidade de Al Hodeida, às margens do Mar Vermelho, onde morreram duas enfermeiras, uma indiana e outra filipina.

Desde o ano passado, o Iêmen sofre um conflito sangrento entre o movimento rebelde xiita dos hutíes contra o governo do sunita Abdo Rabu Mansur Hadi e uma coalizão de países árabes liderados pela Arábia Saudita, que realiza uma ofensiva aérea contra os insurgentes desde 2015. Segundo a ONU, este conflito deixou até agora mais de 6.000 mortos.

Em meio a esta guerra, em setembro do ano passado, outro grupo de homens armados entrou na igreja da Sagrada Família, em Áden.

O martírio das quatro Missionárias da Caridade nas mãos de extremistas muçulmanos se soma aos mais de 50 cristãos decapitado pelo Estado Islâmico na costa da Líbia em fevereiro e abril de 2015; aos mais de 140 estudantes mortos na Universidade de Garissa (Quênia) por Al Shabab em abril do mesmo ano; e aos muitos outros cristãos mortos por extremistas muçulmanos no Iraque, Síria e outras partes do Oriente Médio e África.

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