21 de novembro de 2024 Doar
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Digamos ‘não’ à corrupção e mantenhamos a unidade para mudar o país, pede Dom Orani

Dom Orani João Tempesta. | Arquidiocese do Rio de Janeiro

"É hora de mantermos a unidade nacional, a fim de, unidos, vermos o triunfo do bem nesta Terra de Santa Cruz". É o que afirma o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta em recente artigo no qual lança "Um olhar sobre a realidade".

Em seu texto, o Arcebispo observa que "o Brasil atravessa um difícil momento de crise política, institucional e ética, que não deixa indiferente ninguém de nós. Ao contrário, pede-nos oração e reflexão".

Para o Cardeal, "se de um lado há um despertar das pessoas para agir na sociedade, de outro há também situações de conflitos preocupantes". Diante disso, deixa um alerta: "Ao querer o bem do país, devemos procurar fazê-lo bem também".

"Em tempos como estes – ressalta o Purpurado –, os homens da Igreja são chamados a dar uma palavra de apoio e incentivo a todos os filhos e filhas desta amada nação que – queiramos ou não – nasceu sob o signo da Cruz do único e divino Redentor do gênero humano".

Assim, o Cardeal recorda que as raízes religiosas do Brasil "dão base à unidade nacional de Norte a Sul, de Leste a Oeste, sempre dentro do respeito às diferentes denominações religiosas ou mesmo às pessoas ou grupos que afirmam não ter religião". Isso, conforme indica, "constitui um Estado que se confessa laico no sentido exato do termo, mas não laicista".

Neste contexto, lembra que "a chamada questão social jamais será resolvida se nos esquecermos dos valores humanos e evangélicos, pois ela é uma questão do homem e da mulher dos nossos tempos com fome e sede do Absoluto ou de Deus". Ou seja, o Arcebispo assinala que uma reforma social deve passar primeiramente pela transformação do coração humano.

"Qualquer reforma social que não parta da própria reforma interior de cada um de nós está sujeita aos mais vergonhosos fracassos, como já ficou comprovado em diversos países que tentaram destronar Deus para colocar em Seu lugar qualquer outra coisa ou pessoa no campo social e político", acrescenta.

Além disso, Dom Orani ainda aponta dois elementos essenciais para um povo que se diz "civilizado": "o respeito à vida desde a sua concepção até o seu natural ocaso" e o respeito à família.

"Ora, sem o respeito à religião, à vida e à família não se pode, de modo algum, construir uma sociedade verdadeiramente próspera e respeitável. Todos os artifícios de progresso serão uma quimera, que cedo ou tarde acabarão por ruir", declara.

Em uma sociedade em que essas questões não sejam respeitadas, "a falta de ética na vida pública, especialmente no exercício de um mandato público eletivo", conforme indica o Cardeal, "é mera consequência".

Dom Orani, então, questiona: "Se não se respeita a fé alheia, a vida, a família etc., que se pode mais esperar? O triunfo ou o fracasso?".

"Ausente de Deus, na prática a pessoa se julga um deus acima de tudo e de todos, e exige para si prerrogativas especiais acima dos demais seres humanos comuns", afirma, ressaltando também que "o sonho desmedido e perpetuado de poder não combina com democracia e com progresso em nenhuma parte do mundo".

"Um Estado que se pretendesse totalitário, sufocador e abocanhador das demais instituições – avalia –, não conseguiria prosperar a não ser pelo império do medo e das ameaças, ou jogos sujos de atirar uns contra os outros e enquanto esses menos avisados brigassem aqui embaixo, os poderosos continuariam imunes lá em cima, usufruindo dos benefícios lícitos que o cargo lhes dá ou dos ilícitos tirados especialmente dos mais necessitados".

Com essas observações, Dom Orani Tempesta chama a atenção para a atual situação de crise política enfrentada no Brasil. Frente a este cenário, declara, "devemos dizer que o momento é grave e requer o despertar e o aliar-se de todas as forças vivas da Nação, a fim de, juntos, dizermos um forte e rotundo 'Não' à corrupção, venha ela de quem vier e de que esfera ou natureza for".

Por outro lado, indica que é também preciso "dizer 'Sim' à união de todos os homens e mulheres, independentemente de seu time de futebol, da sua cor de pele, da sua condição social ou de quaisquer outras pequenas diferenças acidentais, a fim de que o mal seja combatido com seriedade, dentro da lei e da ordem e, sobretudo, sem ódio ou revolta contra quem quer que seja, nem luta entre classes". "Somos todos irmãos em Cristo Jesus!", sublinha.

"Portanto, irmãos e irmãs, que todos nós – católicos, cristãos ou homens e mulheres de boa vontade em geral – apoiemos a melhoria desta grande Nação brasileira de modo firme, mas, ao mesmo tempo, cordato e pacífico, sem ódio ou incitações a revoltas. Já temos violência demais! E, assim, Deus nos abençoará com as mais copiosas graças celestiais", completa, ao concluir pedindo a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

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