PEQUIM, May 10, 2016 / 14:30 pm
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China apresentou um protesto diplomático contra os Estados Unidos por causa do recente relatório da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional, o qual aponta a falta de tal liberdade no país.
No documento, Pequim é acusada de "violações sistemáticas" contra cristãos, budistas e muçulmanos, entre outras comunidades.
De acordo com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, declarou que os Estados Unidos estavam "distorcendo" a realidade, "ignorando fatos" e procurando "interferir" nos assuntos internos da China.
O relatório traz também um conjunto de recomendações para que Washington tenha em consideração na sua política externa a fata de liberdade religiosa em alguns países, entre os quais se destacam China, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Myanmar, Birmânia, Nigéria, República Centro-Africana e Eritreia, nos quais a prática da liberdade religiosa é "limitada" ou mesmo "inexistente".
A reação por parte da China – assinala da Fundação ACN – se dá em um momento em que estão se tornando mais frequentes notícias acerca da perseguição à comunidade cristã nesse país. Entre os recentes casos divulgados, estão as demolições de templos e símbolos religiosos, como as cruzes exteriores das igrejas.
Em um dos casos mais recentes, no dia 14 de abril, um pastor cristão e sua esposa foram derrubados em um buraco por uma escavadeira e enterrados vivos ao tentar deter a demolição igreja cristã Beitu, localizada na região central da China. O homem conseguiu escapar, mas a mulher morreu.
Católicos na China
De fato, na China, os cristãos que se mantém fiéis ao Vaticano são muitas vezes perseguidos. Por isso, vivem a sua prática religiosa na clandestinidade, sendo inúmeros os fiéis, sacerdotes e até bispos que se encontram detidos ou sob vigilância das autoridades de Pequim.
Um desses bispos, fiéis a Roma, faleceu nesta segunda-feira, 9 de maio, aos 90 anos. Dom Thomas Zhang Huaixin era bispo de Anyang e pertencia à Igreja Clandestina, embora fosse reconhecido também pela associação patriótica, que congrega as "igrejas" ligadas ao Partido Comunista chinês.
Ele foi ordenado sacerdote em 1950. De 1958 a 1966, foi condenado a trabalhos forçados durante uma das muitas punições levadas a cabo no país pelo poder maoísta.
Dom Thomas foi nomeado bispo, clandestinamente, no dia 19 de outubro de 1981. O seu notável trabalho junto às comunidades locais levou o governo de Pequim a reconhecê-lo também como bispo em 2001. Apesar disso, Dom Thomas manteve sempre a sua independência e fidelidade a Roma e ao Papa.
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