21 de novembro de 2024 Doar
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Autoridade vaticana forçada a anular visita à Venezuela

Dom Paul Richard Gallagher | Foto. Flickr United Nations

O Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, Dom Paul Richard Gallagher, teve que anular a viagem que realizaria à Venezuela entre os dias 24 e 29 de maio "por motivos que não dependem da Santa Sé", informou nesta quinta-feira na Nunciatura Apostólica no país sul-americano.

Dom Gallagher havia programado participar da ordenação episcopal do sacerdote venezuelano Francisco Escalante, recentemente nomeado novo Núncio Apostólico na República do Congo.

Entretanto, a poucos dias da chegada do Secretário do Vaticano, a Secretaria Geral da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) divulgou o comunicado da Nunciatura Apostólica na Venezuela, no qual "informaram sobre o cancelamento da viagem de Dom Gallagher, programado do dia 24 a 29 de maio".

No texto, Dom Aldo Giordano, Núncio Apostólico na Venezuela, informou que "por motivos que não dependem da Santa Sé, S.E. Dom Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, foi forçado a anular sua viagem à Venezuela, do dia 24 ao 29 de maio para a Ordenação Episcopal de S.E. Mons. Francisco Escalante, sacerdote venezuelano da diocese de San Cristóbal, nomeado pelo Santo Padre como novo Núncio Apostólico na República do Congo".

A viagem de Dom Gallagher à Venezuela foi divulgada em 8 de maio pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, durante sua visita à Lituânia.

O anúncio fez com que a mídia especulasse sobre uma possível reunião com o presidente Nicolas Maduro, especialmente depois que no dia 27 de abril os bispos venezuelanos expressaram em um comunicado a sua preocupação com a situação no país, a mesma que foi manifestada dias depois pelo Papa Francisco em uma carta pessoal ao presidente.

Entretanto, em 9 de maio, o porta-voz do Vaticano, Pe. Federico Lombardi esclareceu que não era uma missão diplomática, não havia sido enviado pelo Papa Francisco. Como de costumes, participará da ordenação episcopal novo Núncio no Congo.

"Não está previsto um encontro com o presidente Nicolas Maduro. Mas, naturalmente entrará em contato com autoridades", acrescentou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Em sua conta de Twitter, o presidente da Assembleia Nacional (Parlamento) da Venezuela, o legislador da oposição Henry Ramos, disse que a suspensão da visita "foi pedida pelo regime de Maduro. Medo trágico".

Como recordou, em 7 de junho de 2015, Nicolas Maduro havia agendado uma audiência com o Papa Francisco, no Vaticano. Entretanto, esta foi suspensa pelo presidente um dia antes, alegando problemas de saúde. "Precisei suspender a viagem a Roma devido a uma forte infecção no ouvido, os médicos me proibiram de entrar em um avião. Me obrigaram permanecer em repouso", disse ele através da televisão venezuelana.

Maduro disse que iria buscar uma nova data para se encontrar com Francisco, no entanto, quase um ano depois ainda não informaram que o presidente venezuelano solicitou uma próxima audiência com o Pontífice.

A Venezuela, país com as maiores reservas de petróleo, enfrenta há muito tempo uma difícil crise econômica e política, a qual afeta na falta de produtos básicos, tais como remédios e alimentos, e gera protestos nas ruas.

De acordo com o Banco Central da Venezuela, a inflação em 2015 chegou a 180%. No entanto, o Fundo Monetário Internacional (FMI), disse em 12 de abril de 2016 que a inflação poderia chegar a 500%. Se o mesmo modelo econômico for mantido em 2017, a inflação chegaria a 1,600%.

Enquanto isso, no último dia 16 de maio, Maduro declarou um "estado de emergência econômica" para enfrentar o que ele qualificou como ameaças de golpe de estado; os protestos de milhares de pessoas nas ruas para exigir que o Conselho Nacional Eleitoral execute o referendo revogatório contra o presidente.

A iniciativa de revogar Maduro foi apresentada no dia 2 de maio pela Mesa da Unidade Democrática (MUD) e é apoiada por um milhão e meio de assinaturas. Na quarta-feira, houve uma nova manifestação em aproximadamente 20 cidades. Entretanto, foi reprimida por agentes do governo.

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