Vaticano, May 27, 2016 / 11:50 am
O Papa Francisco presidiu ontem na Basílica de São João de Latrão a Missa pela Solenidade de Corpus Christi, quando recordou que desde o começo a Eucaristia "foi o centro e a forma da vida da Igreja", e convidou os fiéis a seguir o exemplo dos santos e santas "que se 'repartiram' a si mesmos, a própria vida, para 'dar de comer' aos irmãos".
"Quantas mães, quantos pais, juntamente com o pão cotidiano cortado sobre a mesa de casa, repartiram o seu coração para fazer crescer os filhos, e fazê-los crescer bem! Quantos cristãos, como cidadãos responsáveis, repartiram a própria vida para defender a dignidade de todos, especialmente dos mais pobres, marginalizados e discriminados", expressou o Papa na Basílica romana.
Diante das centenas de fiéis, religiosos e sacerdotes reunidos, Francisco assegurou que estas pessoas, junto aos santos – famosos ou anônimos –, encontraram na Eucaristia a força "para fazer tudo isto". "Na força do amor do Senhor ressuscitado, que também hoje parte o pão para nós e repete: 'Fazei isto em memória de Mim'", afirmou.
O Santo Padre centralizou sua homilia na passagem da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios, na qual o Apóstolo se referiu duas vezes ao mandato de Cristo: "Fazei isto em memória de Mim", através do qual instituiu a Eucaristia. "É o testemunho mais antigo que temos das palavras de Cristo na Última Ceia", assinalou.
Francisco recordou que o Senhor "ordena que se repita o gesto com que instituiu o memorial da sua Páscoa, pelo qual nos deu o seu Corpo e o seu Sangue", e deste modo, ao longo dos séculos, este "chegou até nós".
Além disso, recordou que em outras ocasiões Jesus também havia pedido "aos seus discípulos para 'fazerem' algo que Ele, em obediência à vontade do Pai, tinha já decidido no seu íntimo realizar", como ocorreu no milagre da multiplicação dos pães e peixes, quando ante uma multidão cansada e faminta, "Jesus diz aos discípulos: 'Dai-lhes vós mesmos de comer'".
Francisco disse que este milagre não pretendia apenas saciar a fome de um dia, "mas é sinal daquilo que Cristo tem em mente realizar pela salvação de toda a humanidade, dando a sua carne e o seu sangue. E, no entanto, é preciso passar sempre através destes dois pequenos gestos: oferecer os poucos pães e peixes que temos; receber o pão partido das mãos de Jesus e distribuí-lo a todos".
"Os pedaços de pão, partidos pelas mãos santas e veneráveis do Senhor, passam para as pobres mãos dos discípulos, que os distribuem às pessoas", acrescentou.
Deste modo, o Papa explicou que "partir" é a outra palavra "que explica o significado da frase 'fazei isto em memória de Mim'".
Assim como "Jesus Se repartiu, e reparte, por nós", assinalou, o Senhor também "pede que façamos dom de nós mesmos, que nos repartamos pelos outros". "Foi precisamente este 'partir o pão' que se tornou ícone, sinal de reconhecimento de Cristo e dos cristãos. Lembremo-nos de Emaús: reconheceram-No 'ao partir o pão'", afirmou.
Nesse sentido, recordou que na primeira comunidade de Jerusalém "eram assíduos (…) à fração do pão". "É a Eucaristia que se torna, desde o início, o centro e a forma da vida da Igreja", indicou.
Antes de concluir sua homilia, o Santo Padre exortou que o gesto da procissão eucarística fosse também "resposta a esta ordem de Jesus Um gesto para fazer memória d'Ele; um gesto para dar de comer à multidão de hoje; um gesto para repartir a nossa fé e a nossa vida como sinal do amor de Cristo por esta cidade e pelo mundo inteiro".
Ao final da Missa, teve início a tradicional procissão para a Basílica de Santa Maria Maior, onde o Santo Padre deu a bênção solene com o Santíssimo Sacramento.
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