Yerevan, Jun 24, 2016 / 15:30 pm
Em seu discurso dirigido ao Presidente, às autoridades civis e ao corpo diplomático da Armênia, o Papa Francis afirmou que a humanidade deve aprender com as trágicas experiências do passado para "evitar os perigos de recair em tais horrores", como o genocídio armênio.
O genocídio armênio foi o massacre perpetrado pelo Império Otomano, a atual Turquia, no qual 1,5 milhão de armênios foram assassinados entre 1915 e 1923; um massacre que os turcos não admitem como genocídio.
"Tendo diante dos nossos olhos os resultados nefastos a que conduziram, no século passado, o ódio, o preconceito e a ambição desenfreada de domínio, espero vivamente que a humanidade saiba tirar daquelas experiências trágicas a lição de agir, com responsabilidade e sabedoria, para evitar os perigos de recair em tais horrores", disse o Papa.
Acompanhado de sua comitiva, o Santo Padre teve em Yerevan (Armênia), um encontro com o presidente Serzh Sargsyan, a quem presenteou com uma medalha da visita apostólica com a imagem de São Gregório o Iluminador, fundador e padroeiro da Igreja Apostólica Armênia. O presente foi elaborado pelo artista Danila Longo.
Antes da alocução do Pontífice, o mandatário armênio pronunciou um discurso no palácio presidencial, em que repassou brevemente a história cristã da Armênia e a importância da fé nesta nação.
Sargsian ressaltou que "o cristianismo é mais do que uma religião para nós. É um estilo de vida que inseriu no povo armênio o desejo de viver em paz e a filosofia de superar as dificuldades com moderação e dignidade".
Dirigindo-se ao Santo Padre, o presidente disse que "quanto mais cristãos somos, mais respeitamos e apreciamos a fé dos outros, mais tolerante e amantes da paz nos tornamos, capazes de coexistir pacificamente com outros povos e cuidamos ainda melhor do patrimônio cultural e espiritual dos outros em nossa terra".
Por sua vez, o Papa Francisco ressaltou a importância da tarefa da Igreja pelo respeito dos direitos humanos e dos valores no mundo.
Por isso, sublinhou que "é de importância vital que quantos declaram a sua fé em Deus unam as suas forças para isolar quem quer que use a religião para levar a cabo projetos de guerra, opressão e perseguição violenta, instrumentalizando e manipulando o Santo Nome de Deus".
"Hoje, em alguns lugares, particularmente os cristãos – como e talvez mais do que na época dos primeiros mártires – são discriminados e perseguidos pelo simples fato de professarem a sua fé, ao mesmo tempo que demasiados conflitos em várias áreas do mundo permanecem ainda sem soluções positivas, causando lutos, destruições e migrações forçadas de populações inteiras", denunciou.
Após destacar a importância de que os responsáveis das nações trabalhem pela paz, Francisco se referiu ao genocídio armênio, que no país é conhecido como "O Grande Mal" e afirmou que "aquela tragédia, aquele genocídio, marcou o início, infelizmente, do triste elenco das imensas catástrofes do século passado, tornadas possíveis por aberrantes motivações raciais, ideológicas ou religiosas, que ofuscaram a mente dos verdugos até ao ponto de se prefixarem o intuito de aniquilar povos inteiros".
Em palavras improvisadas, o Papa disse ao presidente armênio que "é muito triste como (...) as grandes potências internacionais estavam olhando do outro lado".
"Presto homenagem ao povo armênio, que, iluminado pela luz do Evangelho, mesmo nos momentos mais trágicos da sua história, sempre encontrou na Cruz e na Ressurreição de Cristo a força para se levantar de novo e retomar o caminho com dignidade", prosseguiu.
Em seguida, o Papa disse aos presentes no palácio presidencial que a história da Armênia "caminha lado a lado com a sua identidade cristã, preservada no decurso dos séculos. Esta identidade, longe de obstaculizar a sã laicidade do Estado, exige-a e alimenta-a, estimulando a cidadania participativa de todos os membros da sociedade, a liberdade religiosa e o respeito pelas minorias".
Para concluir, o Santo Padre fez votos de que "Deus abençoe e proteja a Armênia, terra iluminada pela fé, pela coragem dos mártires, pela esperança mais forte do que toda a dor".
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