21 de novembro de 2024 Doar
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Leigo que recusou obedecer a Hitler foi reconhecido mártir pelo Papa Francisco

Josef Mayr-Nusser | Imagem: Diocese de Bolzano

A Santa Sé informou que o Papa Francisco recebeu em audiência o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, e aprovou a promulgação dos decretos que reconhecem um milagre, as virtudes heroicas de seis servos de Deus e duas causas de martírio, entre elas a do leigo italiano Josef Mayr-Nusser, enviado ao campo de concentração de Dachau por se negar a jurar lealdade a Adolfo Hitler.

Jozef Mayr-Nusser nasceu em Bolzano (Itália), em 27 de dezembro de 1910, em uma família de camponeses profundamente cristãos. Casou-se aos 22 anos e teve um filho. Entre suas leituras favoritas estavam as obras de São Tomás Moro, Santo Tomás de Aquino e Frederic Ozanam, assim como a vida de São Vicente de Paulo.

Aos 22 anos, uniu-se à Sociedade de São Vicente de Paulo e à organização internacional de voluntários católicos dedicada a servir aos pobres e necessitados, a qual buscava imitar a caridade do santo.

Além disso, envolveu-se na Ação Católica e chegou a ser líder na Diocese de Trento em 1934. Em 1937, chegou a ser presidente da sucursal da Sociedade de São Vicente de Paulo em Bolzano.

Dois anos depois, começou a Segunda Guerra Mundial. Mayr-Nusser não perdeu tempo e entrou para o movimento antinazista "Andreas Hofer Bund".

Hoje, disse, "dar testemunho é a nossa única arma eficaz" e deve-se mostrar a todos que "o único chefe que tem direito a uma completa e ilimitada autoridade e a ser nosso 'condutor' é Cristo", assinalou em referência ao surgimento do fascismo na Europa.

Entretanto, em 1943 a Itália entrou em uma guerra civil depois da breve detenção de Benito Mussolini. Neste contexto, os alemães invadiram a região norte do país. Os nazistas estabeleceram o "Schutzstaffel" ou "esquadrão protetor", normalmente conhecido como as "SS". Jozef foi obrigado a unir-se em 1944 às "SS".

Em uma carta dirigida à sua esposa, Jozef escreveu: "Reze por mim, para que na hora da provação possa atuar sem indecisões segundo o parecer de Deus e da minha consciência (…) você é uma mulher corajosa e nem sequer os sacrifícios pessoais que possivelmente te exijam poderão endurecer o teu coração e condenar o teu esposo, porque preferiu perder a vida do que abandonar o caminho do dever".

Deste modo, no momento do juramento de lealdade a Hitler, Jozef se negou. De acordo com uma testemunha, Jozef estava "pensativo e preocupado", mas com "voz forte" respondeu ao general: "não posso fazer um juramento a Hitler em nome de Deus. Não posso fazê-lo porque a minha fé e a consciência não me permitem".

Por isso, foi preso e condenado à morte por traição em 1945. Foi enviado no trem ao campo de concentração de Dachau (Alemanha), onde devia ser fuzilado.

Entretanto, durante a viagem teve uma disenteria e morreu no dia 24 de fevereiro de 1945 aos 34 anos, antes de chegar a Dachau. Quando encontraram seu corpo, Jozef estava com um Bíblia e um rosário.

Os outros decretos

Os outros decretos aprovados pelo Papa Francisco são:

Um milagre atribuído à intercessão do Venerável Servo de Deus Louis-Antoine Rose Ormières, sacerdote francês, fundador da Congregação das Irmãs do Santo Anjo da Guarda (1809-1890).

O martírio dos servos de Deus Antonio Arribas Hortigüela (espanhol) e seis companheiros, Missionários do Sagrado Coração; assassinados por ódio à Fé em 29 de setembro de 1936, durante a Guerra Civil espanhola.

Além disso, estão os decretos que reconhecem as virtudes heroicas dos servos de Deus Alfonso Galegos (1931- 1991), da Ordem dos Agostinianos Recoletos e Bispo Auxiliar de Sacramento (Estados Unidos); do sacerdote espanhol Rafael Sánchez García (1911 -1973); do leigo professo espanhol da Ordem dos Frades Menores, Andrés Filomeno García Acosta (1800 – 1853).

Também estão as virtudes heroicas dos servos de Deus Giuseppe Marchetti, sacerdote professo italiano da congregação dos Missionários de São Carlos (1869 -1896); de Giacomo Viale, sacerdote professo italiano da Ordem dos Irmãos Menores (1830- 1912); e de Maria Pia da Cruz, religiosa italiana fundadora da Congregação das Irmãs Crucificadas Adoradoras da Eucaristia (1847 -1919).

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