21 de novembro de 2024 Doar
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Pe. Lombardi garante que segue servindo à Igreja, pois religiosos não se aposentam

Pe. Federico Lombardi | Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

Após dez anos à frente da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi deixará o cargo no próximo dia 1º de agosto, conforme divulgado na segunda-feira, 11. Este ato, porém, não é visto pelo jesuíta como uma aposentadoria, pois garante que continuará servindo à Igreja, agora com sua vida religiosa.

"Creio que muda o tipo de serviço que se realiza, mas não penso absolutamente em me aposentar", expressou o sacerdote jesuíta em recente entrevista à Rádio Vaticano, emissora da qual também foi diretor geral.

Pe. Lombardi assinalou que a palavra aposentadoria é algo que "não existe para um religioso, que busca estar sempre à disposição do serviço de Deus e da Igreja em toda a sua vida, todos os dias".

Por isso, indicou que se bem não mais atenderá telefonemas "de jornalistas que pedem uma resposta sobre uma questão urgente, provavelmente serão outras ligações ou outras relações, às quais se buscará responder com todo o coração".

Deixar a função de porta-voz do Vaticano não é para o Pe. Lombardi uma surpresa. "Para mim – declarou – era absolutamente claro que mais cedo ou mais tarde esse ofício deveria se concluir. Não somos eternos...".

O jesuíta contou ter manifestado ao Papa Francisco várias vezes "a plena disponibilidade a fazer esse serviço que podia fazer, bem como a toda e qualquer decisão tomada em vista de uma sucessão nessa tarefa".

O anúncio da sucessão foi feito no último dia 11, quando foi informado também que o novo porta-voz do Vaticano será o jornalista norte-americano Greg Burke, atual vice-diretor da Sala de Imprensa, o qual assumirá o cargo no dia 1º de agosto. Como nova vice-diretora foi nomeada a jornalista espanhola Paloma Ovejero, que até o momento atuava como correspondente em Roma (Itália) da emissora Cadena COPE.

Sobre recentes declarações de Greg Burke à Rádio Vaticano admitindo que assume o novo ofício com certo temor, Pe. Lombardi indicou que "é sempre compreensível um pouco de temor – digamos – reverencial diante de um serviço árduo, que diz respeito à pessoa do Papa e à vida da Igreja".

"Mas todos sabemos ter limites e se fomos chamados a desempenhar uma função, temos confiança de que o Senhor nos ajude a realizá-la e de que quem nos atribuiu tenha pensado bem a quem a estava confiando", garantiu, sublinhando que, dessa maneira, "devemos sentir-nos num clima de confiança e de esperança".

Pe. Lombardi recordou que quando assumiu essa função, há dez anos, também não conhecia muitas coisas "e, portanto, podia ter incertezas ou dificuldades para encontrar as referências justas ou as informações necessárias". Mas, com o tempo, foi aprendendo até assumir "uma maior segurança e tranquilidade na realização do próprio trabalho".

"Penso que tanto para Greg Burke, quanto em particular também para Paloma Garcia Ovejero, que começa tão jovem, seja uma bela experiência na qual certamente serão ajudados", considerou o ainda porta-voz, ao lembrar que também ele encontrou muita disponibilidade tanto da parte do "mundo vaticano" quanto do "mundo jornalístico". 

Nessa década de serviço à comunicação do Vaticano, Pe. Lombardi esteve ao lado do agora Papa emérito Bento XVI e nos primeiros anos do pontificado do Papa Francisco. Desse período, assinala duas situações mais críticas, vividas "com um pouco mais de tensão".

Uma delas foi em relação às questões dos abusos sexuais, "uma coisa naturalmente muito dolorosa". "Participei com profunda intensidade, consciente de que era o caminho de purificação da Igreja, do qual o Papa Bento XVI tanto nos falou e que devíamos percorrer", contou, ao relembrar que deu sua contribuição, "a fim de que se dessem passos avante no sentido também da clareza, da transparência, da verdade na abordagem desses temas".

Outra situação citada pelo porta-voz foi nos momentos de "apropriação ilícita de documentos reservados ou de tensões internas no Vaticano", ocasiões em que "se vive também com um certo sofrimento, mas com a consciência de que, também na dimensão da comunicação, se percorre o caminho para melhorar, para responder, para trilhar a estrada rumo à verdade e rumo a uma visão mais adequada, mais completa dos problemas e mais serena".

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