22 de dezembro de 2024 Doar
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Foi violentada quando criança e agora seus 2 filhos a agradecem por não os abortar

Grávida | Flickr de Inorgânica (CC-BY-2.0)

Marta Aravena e seu irmão nasceram depois que a sua mãe foi violentada aos 11 e 13 anos de idade. Recentemente, compartilharam a história de sua mãe que disse sim à vida, apesar de todo o sofrimento que carregava e superando as pressões das pessoas que a insultavam para que abortasse.

"Minha mãe teve o meu irmão aos 11 anos, depois de ser violentada reiteradamente pelo seu padrasto. Dois anos depois, quando ela tinha 13, eu nasci, também por uma violação", relatou Aravena.

"Não há um só dia no qual não agradeça a Deus e a minha mãe que me teve, apesar de todo o sofrimento que implicou", enfatizou Marta.

"Ela teve a oportunidade de abortar, mas optou pela vida e sempre nos ensinou que a vida é sagrada e é um presente que deve ser cuidado em qualquer circunstância e em qualquer lugar", afirmou em uma coluna do jornal 'El Sur'.

Em outra coluna mais extensa, publicada anteriormente no jornal 'El Mercurio', Aravena contou que sua mãe "era uma mulher muito simples e muito pobre, que vivia na região central do país. Quando ela tinha seis anos, seu padrasto, que era alcoólatra, começou a abusar dela. Não sabia o que estava acontecendo e, na época, ninguém falava do tema abuso e violação".

Quando sua mãe teve o Juan, seu primeiro filho fruto de uma violação, a polícia prendeu o seu padrasto e sua avó, "ao se ver sozinha em casa, com onze crianças para cuidar e com o homem da casa preso, a expulsou de casa. Culpou a minha mãe pela prisão do seu esposo e a abandonou".

Sem um lugar onde morar e com um filho nos braços, a mãe procurou ajuda com alguns vizinhos. Dois anos depois, quando já tinha 13 anos, o dono dessa casa abusou dela e engravidou novamente, desta vez de Marta.

"Quando estava grávida de mim, minha mãe foi pressionada pelo seu violentador para que abortasse. Mas ela sempre disse que não. Sempre optou pela vida, apesar da terrível situação. Ensinou-nos que ninguém pode tirar a vida, que ela é um presente e que deve ser cuidada", afirmou Marta, que desde criança sabia a verdade sobre seu nascimento.

Marta, que também foi violentada em sua infância, assegurou que, "apesar de tudo o que vivi, sou contra o aborto".

"Sempre devemos nos colocar no lugar do outro, que esta criança tem seu lugar na vida e que também é possível seguir em frente. Minha família conseguiu, acredito que todos nós podemos. Acredito que os sofrimentos e as dores da vida também nos fortalecem para lutar por ela", sustentou.

"Tenho certeza de que estou neste mundo por um propósito e que tudo tem um porquê e um para quê. Cada um de nós tem um propósito, somos pessoas valiosas e há uma missão para cada vida", acrescentou Marta.

"O que teria acontecido se a minha mãe não me tivesse? Eu não existiria e não existiriam meus filhos maravilhosos, nem meus irmãos, aos quais amo com todo o meu coração. Tenho uma linda relação com eles, nos amamos profundamente. Que lindo que por trás de uma decisão assim aconteceu algo bom!".

Marta Aravena foi uma das testemunhas que se apresentaram ante a Comissão de Saúde do Senado, onde atualmente é discutido o projeto de aborto no Chile, impulsionado pelo Governo de Michelle Bachelet, o qual já foi aprovado pela Câmara de Deputados.

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