2 de novembro de 2024 Doar
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Papa assinala 3 mandamentos para os jornalistas

Papa Francisco. | Alan Holdren (ACI Prensa)

O Papa Francisco ofereceu na manhã desta quinta-feira, 22, uma reflexão sobre o que poderiam ser considerados os 3 "mandamentos" que todo jornalista deve saber ao realizar o seu trabalho: amor à verdade, viver com profissionalismo e respeitar a dignidade humana.

Assim o indicou o Santo Padre em seu discurso aos membros do Conselho Nacional da Ordem dos Jornalistas italianos no qual destacou que "o jornalista tem um papel de grande importância e ao mesmo tempo uma grande responsabilidade. De alguma maneira, escreve o 'primeiro esboço da História'".

"Os tempos mudam, e também muda a forma de ser jornalista. Tanto os meios de comunicação impressos como a televisão perdem relevância com relação aos novos meios do mundo digital –especialmente entre os jovens– mas os jornalistas continuam sendo uma pedra angular, um elemento fundamental para a vitalidade de uma sociedade livre e plural".

O Pontífice disse que sua meditação se concentra em três pontos: "amar a verdade, algo essencial para todos, mas especialmente para os jornalistas; viver com profissionalismo, algo que vai além das leis e regulamentos; e respeitar a dignidade humana, que é muito mais difícil do que parece".

1.- Amar a verdade

"Amar a verdade não significa somente afirmar, mas viver a verdade. Testemunhá-la com o próprio trabalho", disse o Santo Padre. "A questão não é ser ou não um fiel, mas ser ou não honesto consigo mesmo e com os outros", precisou.

"Na vida não é tudo branco ou preto. Também no jornalismo é preciso saber discernir as nuances de cinza dos fatos a serem narrados. Os debates políticos, e inclusive muitos conflitos, muitas vezes não são o resultado de uma dinâmica clara, onde se reconhece sem ambiguidades quem está errado e quem tem a razão", sublinhou o Papa.

"A confrontação e muitas vezes o enfrentamento nascem, sobretudo, desta dificuldade de síntese entre as diferentes posições. Por isso, o trabalho do jornalista é se aproximar o máximo possível da verdade dos fatos e jamais dizer ou escrever algo que, se sabe, não corresponde à realidade".

2.- Viver com profissionalismo

Viver com profissionalismo, segundo o Papa Francisco, "significa compreender e interiorizar o sentido profundo do próprio trabalho. Isto é, não submeter a própria profissão a lógicas econômicas ou políticas".

A tarefa do jornalismo, a sua vocação, "é promover a dimensão social do homem, favorecer a construção de uma verdadeira cidadania" e também "preocupar-se com a estrutura de uma sociedade democrática".

É necessário recordar que, " no decorrer da história, as ditaduras não só tentaram se apropriar dos meios de comunicação, mas também impor novas regras à profissão jornalística".

3.- Respeitar a dignidade humana

"O respeito à dignidade humana é importante em qualquer profissão, mas de modo especial no jornalismo, porque atrás de qualquer notícia há sentimentos, emoções. Enfim, está a vida das pessoas".

Muitas vezes, continuou Francisco, "falei que as fofocas são como "terrorismo", de como é possível matar uma pessoa com a língua. Se isso vale para cada indivíduo, vale mais ainda para o jornalista, porque sua voz pode atingir a todos e esta é uma arma poderosa".

É obvio, reconheceu o Papa, "que a crítica é legítima e necessária, assim como a denúncia do mal, mas ambas devem ser feitas respeitando o outro, sua vida e seus sentimentos".

"O jornalismo –precisou– não pode se tornar uma 'arma de destruição' de pessoas e, até mesmo, de povos. Nem deve alimentar o medo diante de mudanças e fenômenos como as migrações forçadas pela guerra ou pela fome".

Em seguida, o Papa Francisco desejou que "cada vez mais e em todas partes o jornalismo seja um instrumento de construção, um fator para o bem comum, um acelerador de processos de reconciliação, que não estenda o fogo das divisões e favoreça a cultura do encontro".

"Vocês jornalistas podem lembrar todos os dias que não há conflito que não possa ser resolvido por homens e mulheres de boa vontade", concluiu o Santo Padre.

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