22 de dezembro de 2024 Doar
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Colômbia: Por que o “Não” ganhou em plebiscito? Defensores da vida e da família respondem

Imagem referencial. | Registro Nacional do Estado Civil.

Líderes defensores da vida e da família explicaram que a vitória do "Não" no plebiscito do Acordo de Paz assinado entre o governo da Colômbia e a guerrilha das FARC foi, entre outras razões, devido à inclusão da ideologia de gênero e do aborto nos documentos.

Segundo informa o Registro Nacional do Estado Civil da Colômbia, em 99,98% das mesas informadas, o "Não" teve 50,21% votos, enquanto 49,78 % votou pelo "Sim".

O resultado surpreendeu ambos os grupos, pois as sondagens apontavam uma grande vitória do setor favorável aos acordos de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e as FARC. A pesquisa realizada no último dia 27 de setembro pela empresa Ipsos Napoleón Franco, contratada por Semana e RCN Rádio e Televisão, apontava uma vitória do "Sim" com 66% contra 34% do "Não".

"Nós dizemos que estamos frente a um milagre", disse ao Grupo ACI Ángela Hernández, deputada pelo departamento colombiano de Santander e uma das maiores representantes da defesa da família na Colômbia.

"O povo colombiano estava sem oportunidade de se defender de todo o maquinário", recordou e destacou que "o povo cristão, o povo crente, saiu das quatro paredes da igreja e foi às ruas dizer 'nós não servimos apenas para rezar pela Colômbia, nós também somos cidadãos'".

Jesus Magaña, da plataforma 'Unidos pela Vida da Colômbia', chegou a uma conclusão semelhante. "Isto é um milagre de Deus, é um absoluto milagre de Deus", assegurou e assinalou que "vocês não imaginam o quanto rezamos por isso. Todas as igrejas do país estão em oração".

"Os católicos e os evangélicos se unirão para rezar nas praças, na sexta-feira, 30 de setembro", recordou.

Magaña indicou que "muitos grupos católicos promovemos o 'não' porque introduziram a ideologia de gênero como um eixo transversal de todos os acordos. Não mencionavam nenhuma palavra sobre a família, que foi a mais atingida por esta violência de tantos anos: tantas famílias deslocadas, destruídas, tantas crianças envolvidas na guerrilha".

"Ao contrário, mencionavam a perspectiva de gênero, mulheres, meninos, meninas e comunidade LGTBI (lésbicas, gays, transexuais, bissexuais e intersexuais)".

O mais grave, advertiu o líder pró-vida, "é que estavam procurando que os acordos tivessem um caráter constitucional", um pacto, "um acordo internacional, que não tinha nenhuma razão de ser".

"Queriam colocar a ideologia de gênero em grau de direito constitucional, que não foi em nenhum momento votado pela cidadania", disse.

Além disso, assinalou, com os acordos de paz assinados pelo governo da Colômbia e as FARC "queriam colocar o aborto, porque comprometeram a aplicar de maneira total os protocolos do CEDAW, a Convenção sobre a Eliminação de toda forma de Discriminação contra a Mulher, o qual na verdade é um trabalho que está sendo feito há muitos anos nas Nações Unidas para impor o aborto em todos os países, entre outras coisas".

Ao mesmo tempo que promovia isto, criticou, "nunca mencionaram o tema dos sequestrados, mas simplesmente falavam das vítimas, não falavam de sequestros, não mencionavam as violações, nem a quantidade de sequestros de crianças que as FARC tiravam dos pais de família no campo para trabalhar na guerrilha".

Para a deputada Ángela Hernández, a primeira emoção depois da vitória do "Não" foi de "imensa alegria, imensa felicidade, porque o povo colombiano é o grande ganhador deste dia".

"O que realmente ocorreu é que o cidadão comum, o humilde, o trabalhador, foi escutado, encontrou a forma de falar".

O voto ganhador do dia 2 de outubro, disse, foi "o voto de fé, o voto dos crentes", através do qual rechaçam "um processo onde a família não esteja presente, onde não reconheçam Deus, porque tudo o que reconhecem é o marxismo, o socialismo das FARC e excluem de todos os acordos e de todas as coisas as comunidades de fé".

"Pelo contrário, dizem que vão criar um comitê de justiça para investigar os que geraram ódio e veem os grupos LGTBI como vítimas. Os primeiros que serão colocados aí são os cristãos, porque falamos diretamente sobre o homossexualismo", advertiu.

Hernández reiterou: "Estamos felizes, entendendo que aconteceu um milagre", mas sublinhou que "estamos diante de um desafio muito grande".

Em seguida, a Deputada colombiana lamentou que, em um comunicado recente, Rodrigo Londoño (conhecido como "Timochenko") – chefe das FARC – tenha assegurado que o plebiscito do dia 2 de outubro "não tem nenhum efeito jurídico, o efeito é político", e que o acordo de paz "foi assinado como acordo especial e depositado ante o conselho da Confederação Suíça em Berna. Isso evidencia um efeito jurídico inegável e irrevogável".

Para Hernández, isto significaria que "é uma brincadeira o que fizeram com o povo colombiano".

"Ou seja, que a votação em 2 de outubro era uma palhaçada? Com o povo ou sem o povo? Então, para que perguntaram aos colombianos?".

A deputada assegurou que, seguindo a convocatória do presidente da Colômbia aos que promoveram o "Não" no plebiscito, procuram "que nos deem a oportunidade de falar, de conversar com as FARC, de pedir-lhes que também tenham um ato de responsabilidade do país, que se responsabilizem pelas vítimas, que peçam perdão ao povo colombiano".

Hernández assegurou ainda que trabalharão também para "cortar pela raiz a ideologia de gênero que foi colocada nos acordos. Essa é a nossa missão principal. Não permitiremos que a ideologia de gênero esteja no plebiscito e depois na Constituição".

"O povo colombiano quer a paz, mas não desta maneira. Quer a paz, mas com acordos claros, com as famílias dentro deste acordo e com o reconhecimento de Deus", disse.

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Por sua parte, Jesus Magaña assinalou que o que segue depois da vitória do "Não" é "um trabalho onde o país realmente participe e faça um acordo no qual as FARC se mantenham em sua posição de deixar as armas e comecem a fazer parte da sociedade de uma maneira adequada, justa, decente e ao mesmo tempo sem impunidade e sem envolver assuntos que não tem nada a ver com o conflito, como a ideologia de gênero, o aborto etc.".

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